Vaticano: Papa alerta para «fundamentalistas» que propõem um «caminho de ascese artificial»

«A santidade vem do Espírito Santo e essa é a gratuidade da redenção de Jesus» – Francisco

Foto Vatican Media

Cidade do Vaticano, 01 set 2021 (Ecclesia) – O Papa Francisco disse hoje que apesar dos “pecados, Deus não abandona, com o seu amor misericordioso” e alertou para os “fundamentalistas que propõem um caminho de ascese artificial”, na audiência geral semanal, no Vaticano.

“Deus está sempre perto de nós com a sua bondade. Peçamos a sabedoria de percebermos sempre essa realidade e mandar embora os fundamentalistas que nos propõem um caminho de ascese artificial, distante da ressurreição de Cristo. A ascese é necessária, mas uma ascese sábia e não artificial”, disse o Papa no encontro realizado na Sala Paulo VI, no Vaticano.

Francisco assinalou que apesar dos “pecados” de cada um, “Deus não abandona, mas permanece com o seu amor misericordioso”.

Na catequese desta quarta-feira, com o tema ‘Gálatas insensatos’, o Papa começou a refletir sobre a segunda parte da Carta de São Paulo aos Gálatas.

“Esta carta ajudar-nos-á a não dar ouvidos a propostas um pouco fundamentalistas, ajudará a avançar na vocação pascal de Jesus”, explicou.

Francisco referiu que São Paulo faz perguntas para “despertar as suas consciências”, os Gálatas corriam o risco de perder a fé em Cristo e apelou à memória do primeiro anúncio.

“Ao serem colocados à prova, tiveram de responder que o que tinham vivido era fruto da novidade do Espírito. No início da sua chegada à fé estava a iniciativa de Deus e não a dos homens. O Espírito Santo tinha sido o protagonista da sua experiência”, assinalou.

Neste contexto, Francisco acrescenta que colocá-lo em segundo plano, para dar “primazia às próprias obras”, era “uma insensatez”, porque “a santidade vem do Espírito Santo e essa é a gratuidade da redenção de Jesus”.

O Papa explica que São Paulo convida refletir sobre como se vive a fé, se o amor de Cristo crucificado e ressuscitado “permanece no centro da vida quotidiana como fonte de salvação”, ou será que cada um se contenta “com algumas formalidades religiosas para estar em paz” com a sua consciência.

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“Estamos apegados ao tesouro precioso, à beleza da novidade de Cristo, ou preferimos algo que neste momento nos atrai, mas que depois nos deixa vazios por dentro?  O efémero bate muitas vezes à porta dos nossos dias, mas é uma triste ilusão, que nos faz cair na superficialidade e nos impede de discernir aquilo por que realmente vale a pena viver”, desenvolveu.

Francisco salienta que na história, e hoje, acontecem coisas como aos Gálatas, alguém que diz que “a santidade está nesses preceitos, nessas coisas”, o que leva a uma “religiosidade rígida, de uma rigidez que tira a liberdade no Espírito que a redenção de Cristo dá”.

“Cuidado com a rigidez que eles lhe propõem: cuidado. Porque por trás de cada rigidez há algo de mau, não há o Espírito de Deus”, acrescentou na audiência geral pública desta quarta-feira.

Nas saudações aos peregrinos, fiéis e turistas, o Papa assinalou que o mês de setembro marca o início do ano letivo de muitos alunos e professores, e o regresso ao trabalho, enquanto aos “irmãos e irmãs de língua portuguesa”, sublinhou que “Deus jamais abandona”.

CB

 

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