Francisco volta a pedir homilias breves
Cidade do Vaticano, 04 dez 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje no Vaticano para o risco de um anúncio vazio de “ideias” ou “preceitos”, nas comunidades católicas, pedindo homilias breves e com referência à vida concreta das pessoas.
“A Palavra de Deus é transmitida com a unção do Espírito Santo; sem o Espírito, faltaria a alma, a vida da pregação, apenas seriam difundidas ideias ou preceitos a cumprir, mas não a vida”, referiu, na audiência pública semanal que decorreu na Praça de São Pedro.
Francisco voltou a pedir que os sacerdotes evitem “pregações longas, de 20, 30 minutos”.
O Papa recordou celebrações em que algumas pessoas saiam da igreja, para ir fumar, quando começava a homilia, para exemplificar o desinteresse suscitado por algumas pregações, recomendando que se apresente às comunidades “uma ideia, um sentimento e uma proposta de ação”.
“Com mais de 8 minutos, a pregação dissipa-se, não se percebe”, indicou, perante os aplausos da multidão presente.
A reflexão do Papa abordou o papel do Espírito Santo na pregação da Igreja, desde as primeiras comunidades cristãs.
“A pregação de Jesus e, posteriormente, a dos Apóstolos, contém também todos os deveres morais que decorrem do Evangelho, desde os dez mandamentos até ao novo mandamento do amor. Mas se não quisermos cair no erro, denunciado pelo apóstolo Paulo, de colocar a lei antes da graça e as obras antes da fé, é necessário recomeçar sempre a partir do anúncio daquilo que Cristo fez por nós”, apelou.
Francisco sublinhou a necessidade da oração “para que o Espírito Santo venha” e de pregar apenas a mensagem de Jesus e não as próprias ideias.
“Não querer pregar-se a si mesmo implica também nem sempre dar prioridade às iniciativas pastorais promovidas por nós e ligadas ao próprio nome, mas colaborar de boa vontade, se solicitado, em iniciativas comunitárias, ou que nos são confiadas por obediência”, acrescentou.
Na saudação aos peregrinos, o Papa apontou à próxima celebração da solenidade da Imaculada Conceição, a 8 de dezembro, pedindo que os católicos sejam “abertos e disponíveis à ação do Espírito Santo”, como a Virgem Maria.
“Ela é cheia de graça porque foi preservada de todo o pecado desde o primeiro momento da sua existência. Que a sua poderosa intercessão vos acompanhe a todos durante este tempo de Advento”, declarou.
Francisco deixou ainda uma saudação aos peregrinos de língua portuguesa: “Irmãos e irmãs, não é possível anunciar o Evangelho e viver a Palavra de Deus sem a unção do Espírito. Oremos para que Ele derrame sempre sobre nós os seus sete dons. Que Deus vos abençoe!”.
OC