Vaticano: Papa alerta jovens para «maquilhagem» espiritual e pressões da «aprovação» pelos outros 

Francisco presidiu a Missa da JMJ 2024, com passagem dos símbolos da Jornada entre delegações de Portugal e Coreia do Sul 

Cidade do Vaticano, 24 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa alertou hoje, no Vaticano, para o que chamou de “maquilhagem” espiritual, pedindo aos jovens católicos que rejeitem as pressões de aprovação externa, falando na passagem dos símbolos da JMJ entre delegações de Portugal e Coreia do Sul. 

“Mantenhamos o olhar fixo em Jesus, na sua cruz e em Maria, nossa mãe, para que, mesmo nas dificuldades, encontremos a força para continuar, sem medo de acusações, sem necessidade de cedências, com a nossa própria dignidade, com a nossa própria certeza de sermos salvos e de sermos acompanhados pela nossa mãe Maria, sem compromissos, sem maquilhagens espirituais. A vossa dignidade não precisa de ser maquilhada”, disse, na homilia da celebração a que presidiu na Basílica de São Pedro, na solenidade litúrgica de Cristo-Rei.

“Não maquilhem a alma, não maquilhem o coração, sejam como são, sinceros, transparentes”, insistiu. 

O Papa pediu que os jovens rejeitem a tentação de ser “estrelas por um dia”, nas redes sociais, advertindo para a pressão de ser “visto, aprovado e elogiado”, que leva a “vender os seus ideais para obter um pouco de aprovação e visibilidade”.

“A vossa dignidade não está à venda, atenção” , delcarou.

Deus ama-vos tal como sois: diante dele, os vossos sonhos puros valem mais do que o sucesso e a fama; e a sinceridade das vossas intenções vale mais do que a aprovação”.  

Cerca de duas centenas de pessoas integraram as delegações de Portugal e da Coreia do Sul, que participaram, no final da Missa, na cerimónia de entrega simbólica da Cruz da JMJ; a celebração contou ainda com jovens romanos, que concluem a celebração da JMJ diocesana com o seu bispo, Francisco. 

“No final desta Eucaristia, os jovens portugueses entregam aos jovens coreanos os símbolos da Jornada Mundial da Juventude: a Cruz e o Ícone de Maria ‘Salus Popoli Romani’. Também isto é um sinal: um convite, para todos nós, a viver e a levar o Evangelho a todas as partes da terra, sem parar e sem desanimar, levantando-nos depois de cada queda e nunca deixando de esperar”, explicou Francisco. 

O Papa dirigiu-se aos jovens sul-coreanos, explicando que com o sinal da “vitória” de Jesus, na Cruz da JMJ, recebem ainda a imagem da “mamã”. 

“Maria acompanha-nos sempre rumo a Jesus, é Maria que está ao lado da nossa cruz, nos momentos difíceis, para nos ajudar, porque ela é mãe, é mamã”, prosseguiu. 

Foto: Lusa/EPA

A passagem dos símbolos, acompanhada por D. Rui Valério, patriarca de Lisboa, e D. Américo Aguiar, que presidiu ao Comité Organizador Local e à Fundação JMJ durante a organização do encontro mundial em Portugal, aconteceu ao som do hino ‘Há pressa no ar’, da JMJ Lisboa 2023. 

O Papa quis saudar os jovens de todo o mundo, “em especial a delegação de Portugal, onde se realizou a Jornada Mundial da Juventude do ano passado, e a delegação da Coreia do Sul, que organizará a próxima em Seul, em 2027”. 

Francisco destacou a importância da passagem dos símbolos das JMJ, a cruz e o ícone de Maria ‘Salus Populi romani’, aos jovens coreanos.  

“Estes símbolos foram confiados aos jovens por São João Paulo II para os levarem pelo mundo fora. Queridos jovens coreanos, agora é a vossa vez: levando a cruz na Ásia, proclamareis o amor de Cristo a todos. Tende coragem, tende a coragem de testemunhar a esperança de que hoje temos mais necessidade do que nunca”, indicou.

Que, por onde quer que passem estes símbolos, cresça a certeza do amor invencível de Deus e da fraternidade entre os povos. E que, para todos os jovens vítimas dos conflitos e das guerras, a cruz do Senhor e o ícone de Maria Santíssima sejam apoio e consolação”.  

Lisboa acolheu a edição internacional da Jornada Mundial da Juventude entre 1 e 6 de agosto de 2023, com mais de 1,5 milhões de participantes nas celebrações conclusivas, presididas por Francisco no Parque Tejo. 

A próxima edição internacional da JMJ vai decorrer em Seul, capital da Coreia do Sul, em 2027. 

OC 

Na sua homilia, o Papa assinalou a solenidade de Cristo-Rei, que encerra o calendário litúrgico na Igreja Católica, num momento de “contemplação que eleva e entusiasma”. 

“Mas quando olhamos à nossa volta, o que vemos apresenta-se de forma diferente, e podem surgir em nós interrogações inquietantes. Que dizer das guerras, da violência, dos desastres ecológicos?”, admitiu. 

Francisco falou ainda dos desafios dos jovens, como a precariedade ou as desigualdades sociais. 

Partindo do diálogo entre Jesus e Pôncio Pilatos, procurador do Império Romano, relatado pelos Evangelhos, o Papa evocou “todos os poderes que, ao longo da história, oprimem os povos pela força das armas”. 

“O que fica, como nos ensina Cristo, é outra coisa: são as obras de amor. É isso que fica e que torna a vida bela! O resto não conta. Por isso, repito: não tenhais medo das ‘condenações’ do mundo. Continuai a amar!”, apelou aos jovens. 

A intervenção realçou que, mesmo perante a iminência da condenação à morte, Jesus “rejeita toda a lógica do poder”. 

“Não é verdade, como alguns pensam, que os acontecimentos mundiais tenham escapado das mãos de Deus. Não é verdade que a história é feita pelos violentos e pelos prepotentes. Muitos males que nos afligem são obra do homem, enganado pelo Maligno, mas tudo está sujeito, em última análise, ao julgamento de Deus”, acrescentou. 

Aqueles que destroem as pessoas, que fazem a guerra, com que rosto se apresentarão diante do Senhor? ‘Por que fizeste a guerra? Porque mataste?” E eles, o que responderão?'”.

Francisco deixou pedidos de reflexão sobre a “gratuidade do amor” e o egoísmo, que considerou a “raiz de toda a injustiça e infelicidade”, desafiando os jovens a ser “testemunhas da verdade”. 

“E, por favor, não percam a alegria”, concluiu. 

JMJ 2027: «Rezamos para que possam vir jovens da Coreia do Norte» – Arcebispo de Seul (c/vídeo)

 

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