Vaticano: Cristianismo é mais do que «uma doutrina ou um ideal moral», diz o Papa

Francisco volta a recitar oração dominical com os peregrinos reunidos na Praça de São Pedro

Cidade do Vaticano, 18 abr 2021 (Ecclesia) – O Papa disse hoje no Vaticano que o Cristianismo exige a atenção ao próximo, a partir da “relação viva” com Jesus, superando visões que limitam a fé a questões de doutrina ou moral.

“Ser cristão não é antes de tudo uma doutrina ou um ideal moral, é a relação viva com Ele, com o Senhor Ressuscitado: vejamo-lo, toquemo-lo, alimentemo-nos dele e, transformados pelo seu amor, vejamos, toquemos e alimentemos os outros como irmãos e irmãs”, sustentou.

Francisco falava desde a janela do apartamento pontifício, onde voltou a presidir ao ‘Regina Caeli’, oração mariana que substitui o ângelus durante o período pascal, com participação de peregrinos na Praça de São Pedro – o que não acontecia desde 21 de março.

A intervenção dominical sublinhou que ver o outro é “o primeiro passo contra a indiferença, contra a tentação de virar o rosto diante das dificuldades e sofrimentos dos outros”.

Depois de ter visto, assinalou o Papa, os cristãos são desafiados a “tocar” a vida de quem sofre.

“Não existe um Cristianismo à distância. Não existe um Cristianismo apenas no plano do olhar. Não: o amor pede que se veja, mas também a proximidade, pede contacto, a partilha de vida”, precisou.

No terceiro domingo do tempo pascal, Francisco refletiu sobre uma passagem do Evangelho que relata um encontro de Jesus com os seus discípulos, após a ressurreição, sublinhando que Cristo “não é um fantasma, mas uma pessoa viva”.

O Papa destacou a importância das refeições de Jesus com os seus discípulos, “ao ponto de o banquete eucarístico se ter tornado o sinal emblemático da comunidade cristã”.

“Comer juntos o Corpo de Cristo: isto é o centro da vida cristã”, observou.

Francisco evocou, a este respeito, o testemunho de seis religiosos da congregação cisterciense de Casamari, na Itália, que foram beatificados este sábado.

Os mártires Simone, Domenico, Albertino, Modesto, Zosimo e Maturino foram mortos em 1799, num saque de soldados franceses, quando “resistiram com coragem heroica, até à morte, para defender a Eucaristia da profanação”.

“Que o seu exemplo nos leve a um maior empenho de fidelidade a Deus, capaz também de transformar a sociedade e de a tornar mais justa e fraterna”, disse o Papa, que pediu um aplauso para os novos beatos.

A presença dos peregrinos foi destacada por Francisco, que se tem visto, várias vezes, confinado à biblioteca do Palácio Apostólico, por causa da Covid-19.

“Graças a Deus, podemos reunir-nos de novo nesta praça, para o nosso encontro dominical e festivo. Digo-vos uma coisa: sinto saudades da praça quando tenho de presidir ao ângelus, na biblioteca. Estou feliz. Dou graças a Deus e agradeço-vos a vós, pela vossa presença”, declarou.

OC

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