V CEN: Quando a fé «cheira a rosmaninho», numa declaração de amor à Eucaristia

«Cada um de nós nasceu para ser também um corpo eucarístico», disse o padre Carlos Carneiro

Foto: Município de Vila do Conde

Braga, 01 jun 2024 (Ecclesia) – O padre Carlos Carneiro, jesuíta, apresentou hoje em Braga uma reflexão sobre a comunhão eucarística, falando de um ato de “amor”, por parte de Deus, que vem ao encontro da humanidade.

“A intemporalidade das coordenadas da encarnação de Deus nada perdem quando assumem a caducidade do mundo”, disse o religioso jesuíta, na conferência inaugural do segundo dia de trabalhos do V Congresso Eucarístico Nacional (CEN), a decorrer no Fórum Braga.

O sacerdote recordou a tradição da sua terra natal, Vila do Conde, onde a cada quatro anos as ruas do concelho se enchem de flores e plantas, em tapetes coloridos, para celebrar a solenidade do Corpo de Deus, após vários dias de preparação.

“A fé cheira a rosmaninho”, indicou o padre Carlos Carneiro.

Num tom poético, o religioso apresentou a conferência ‘Alimentar a Esperança’, “um tema desafiador, que exige a coerência de vida”.

“”O Céu é a nossa esperança total”, sustentou.

“Cada um de nós nasceu para ser também um corpo eucarístico”, acrescentou, falando de um Deus que “não deixa ficar ninguém para trás”.

O padre Carlos Carneiro destacou a importância da ética cristã, que inspira a defesa da vida, contra o aborto e a eutanásia, e que se deve estender à luta contra a violência doméstica, à proteção dos migrantes “descartáveis” e à recusa de “políticas que não constroem cidadania”.

A intervenção sublinhou a centralidade da relação com Jesus, no momento da comunhão, independentemente da forma como cada católico o faz.

“O que importa é saber que Tu nos tens no teu coração”, disse.

O conferencista dirigiu-se a um Deus “apaixonado pela humanidade livre”, que se oferece num ato de amor.

“Um amor que veio para durar, um amor que veio para ficar”, acrescentou, considerando que a comunhão é “a forma maior de adoração, é a forma maior de integração”.

Antes da intervenção, os participantes foram convidados a partilhar, com quem estava ao seu lado, o que significava para cada um a Eucaristia e qual a sua importância na vida de cada um.

“No pão consagrado, Tu não és imagem, és presença; Tu não és mito, és realidade”, declarou o padre Carlos Carneiro.

O responsável apelou a uma Igreja “pobre” e de “transformação”, que se comova “profundamente”, perante a realidade que encontra.

A intervenção deixou votos de que o V CNE seja uma ocasião de “transformação”, do “abraço” de Deus ao mundo, antes de apontar o medo como “travão” da esperança.

“Que a Igreja seja capaz de realizar no mundo o que Tu realizas no pão, quando é consagrado”, desejou.

Também este congresso pode ser para nós um estímulo para uma Igreja de fermento”.

Padre Carlos Carneiro.
Foto: Samuel Mendonça/Folha do Domingo

O padre Carlos Carneiro evocou o “impulso” da JMJ 2023, convidando a superar o “medo de se questionar”, inclusive perante quem critica a Igreja.

A conferência destacou a importância do diálogo entre gerações, da relação entre bispos e padres, no “cuidado de cada pastor”.

O religioso apontou à exigência da “fraternidade” e do amor ao próximo, identificando um “perigo ideológico” nas comunidades católicas que leva “ao ciúme, à rivalidade”.

O CEN, que se iniciou esta sexta-feira, acontece na arquidiocese minhota, 100 anos depois da sua primeira edição, com o tema ‘Partilhar o Pão, alimentar a Esperança. «Reconheceram-n’O ao partir o Pão»’.

De acordo com a organização, estão inscritas cerca de 1400 pessoas, com representação de todas as dioceses de Portugal, quatro cardeais e 30 bispos, sendo esperada a participação de dezenas de milhares de pessoas na Eucaristia de encerramento, este domingo, no Santuário do Sameiro.

Esta tarde, a partir das 15h00 realizam-se sete workshops sobre os temas hospitalidade, jovens (JMJ e Eucaristia), família, pobres, ecologia, espiritualidade eucarística e confrarias do Santíssimo Sacramento.

No domingo, a partir das 07h00, os participantes são convidados a fazer-se peregrinos, a pé, até ao Sameiro.

OC

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