Ucrânia: «Devemos empenhar-nos para pôr fim a esta loucura da guerra» – Francisco

Mensagem a jovens europeus sugere objeção de consciência, perante decisões de «poderosos» que os mandam combater

Foto: Lusa/EPA

Cidade do Vaticano, 11 jul 2022 (Ecclesia) – O Papa apelou hoje ao fim da “guerra absurda” na Ucrânia, numa mensagem enviada aos participantes na Conferência Europeia da Juventude, que decorre em Praga, até quarta-feira.

“Queridos jovens, ao mesmo tempo que estais a realizar a vossa Conferência, na Ucrânia (que não é União Europeia, mas é Europa), combate-se uma guerra absurda. Esta, juntando-se aos numerosos conflitos em curso em diversas regiões do mundo, torna ainda mais urgente um Pacto Educativo que a todos instrua para a fraternidade”, escreve Francisco, num texto divulgado pelo Vaticano.

A mensagem sugere a objeção de consciência dos jovens, perante as decisões dos “poderosos” que os mandam combater.

“Todos devemos empenhar-nos para pôr fim a esta loucura da guerra, onde, como de costume, uns poucos poderosos decidem e mandam combater e morrer milhares de jovens. Em casos como este, é legítimo rebelar-se”, indica.

Francisco apresenta como exemplo a “figura extraordinária” do austríaco Franz Jägerstätter (1907-1943), objetor de consciência e opositor do nazismo, durante a II Guerra Mundial, que foi proclamado beato pelo Papa Bento XVI.

“Franz era um jovem agricultor austríaco que, devido à sua fé católica, fez objeção de consciência perante a ordem de jurar fidelidade a Hitler e ir para a guerra. Franz era um jovem alegre, simpático, descontraído que ao crescer, graças também à sua esposa Francisca com quem teve três filhos, mudou a sua vida e maturou convicções profundas. Quando foi chamado às armas, recusou-se, porque sentia injusto matar vidas inocentes”, recordou.

Franz Jägerstätter foi ~executado na prisão, onde se encontrava também Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), teólogo luterano alemão, antinazi, que “conheceu o mesmo trágico fim”: “Foram mortos porque se mantiveram fiéis até ao fim aos ideais da sua fé”.

Não obstante as adulações e as torturas, Franz preferiu ser morto a matar. Considerou a guerra totalmente injustificada. Se todos os jovens chamados às armas tivessem feito como ele, Hitler não teria conseguido realizar os seus planos diabólicos. Para vencer, o mal precisa de cúmplices”.

O Papa refere que, “se o mundo fosse governado pelos jovens, não haveria tantas guerras”.

“Aqueles que têm toda a vida diante de si, não a querem esfrangalhar e malbaratar, mas vivê-la em plenitude”, aponta.

A mensagem deixa um convite para que os jovens europeus saibam “olhar mais além, para o Alto”, procurando o sentido da vida.

“Caminhai com os pés bem assentes na terra, mas com um olhar amplo, aberto para o horizonte, para o céu”, pede Francisco.

OC

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