Ucrânia: Colégio Marista de Carcavelos organizou recolha de bens para as vítimas da guerra, com adesão «impressionante»

«Aqui aconteceu um verdadeiro milagre» – Irmão Jaime Barbosa

Foto: Agência ECCLESIA/SN

Lisboa, 02 de mar 2022 (Ecclesia) – A comunidade do Colégio Marista de Carcavelos promoveu esta terça-feira uma recolha de bens para as vítimas da guerra na Ucrânia, “um verdadeiro milagre em dia de Carnaval”.

“Inicialmente pensámos num pequeno gesto de solidariedade com os irmãos ucranianos mas aqui aconteceu um verdadeiro milagre em dia de Carnaval, uma forma diferente de viver este dia”, disse o irmão Jaime Barbosa à Agência ECCLESIA.

O consagrado referiu que a solidariedade é “uma marca e filosofia” do Colégio, entendida como “missão” e esta terça-feira, marcada pela recolha dos bens, seria mais um gesto de solidariedade lançado como desafio à comunidade escolar.

“O nosso meio de partilha das iniciativas é através das redes sociais e foi o que fizemos mas, a certa altura, começámos a ver que esta iniciativa estava a ser muito partilhada mas não imaginávamos o desenrolar deste dia”, indicou.

A iniciativa promoveu a recolha de bens, roupas, alimentos e medicamentos, no interior do Colégio Marista de Carcavelos, sendo depois enviados para a Ucrânia através de parceiros.

O consagrado explicou que a recolha estava prevista começar às 10h mas, “às 09h da manhã já havia aqui pessoas com coisas para entregar” e “ainda o espaço estava a ser preparado para a divisão dos bens”.

“Começámos a ver que isto já nos saía das mãos e não conseguíamos responder e, a certa altura do dia, pedimos ajuda aos pais, e começaram a chegar pessoas com carrinhas e outros carros, para ajudar a levar os bens para o centro logístico de Cascais, que entretanto conseguimos”.

O corredor central de entrada ao primeiro ciclo estava cheio de professores, funcionários, alunos, pais e encarregados de educação que se uniram no voluntariado e interajuda, dividiam os bens por categoria e carregavam para os carros.

“Pensámos conseguir encher duas carrinhas mas já foram mais de 40 carrinhas que foram levar bens, a vontade nasceu das pessoas e queremos fazer a diferença ajudando o povo da Ucrânia”, contou o consagrado, visivelmente emocionado.

O irmão Jaime recebeu muitas pessoas, sobretudo de manhã, destacando um pai, que vinha com a filha ao colo, trazer produtos para bebés, “fruto de uma angariação de 10 mil euros no local de trabalho”.

“É uma cena comovente”, admitiu.

Cláudia, antiga aluna do Colégio, viu a publicação nas redes sociais e não hesitou em deslocar-se para ajudar.

Foto: AE/SN – Duarte e Luísa, alunos maristas

“Tenho um carro com mala grande e, pela causa que é, faz sentido estar aqui e ajudar, vou levar ao armazém pela segunda vez”, explicou à Agência ECCLESIA.

Habituados ao voluntariado semanal, os alunos maristas, Duarte Chaves, do 9.º ano, e Luísa Leite, do 11.º ano, estiveram no colégio durante o dia para “dar uma ajuda”.

“Venho com todo o gosto porque gosto de ajudar o próximo e, neste caso, aqui o próximo é o povo ucraniano que está a sofrer”, declarou a jovem.

Da parte da manhã foi difícil, era muita coisa a chegar, mas depois chegou mais gente para ajudar, nem tenho noção da quantidade de sacos que carreguei para os carros, este dia foi uma lição de generosidade para nós”.

Conscientes da gravidade da situação no país ucraniano, os dois alunos sentem que “esta missão ficou um bocadinho cumprida” mas que haverá “muito mais a fazer”, confirmando que vão marcar presença noutras iniciativas.

Ricardo Homem, coordenador de pastoral do Colégio, vestido com a camisola azul dos Maristas, ajudava os carros a estacionar e deixar os bens ou encaminhava-os para o lugar onde carregavam, verbalizando palavras de gratidão.

“Começámos a pensar em dois ou três carros mas nunca imaginámos esta adesão por parte de todos, foi incrível ver toda a gente a chegar, as filas para entregar os bens, toda a gente motivada por uma causa, faz-nos acreditar”, partilhou com a Agência ECCLESIA.

Alunos e antigos alunos, pais e encarregados de educação responderam ao desafio do Colégio numa “onda de solidariedade” mas também ali se deslocaram muitas pessoas que queriam ajudar, “vindas de longe e sem conhecerem o Colégio”.

SN

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