Ucrânia: Cáritas fala em situação «dramática»

Organização católica lançou apelo de emergência para apoiar deslocados

Foto: Lusa/EPA

Roma, 27 fev 2022 (Ecclesia) – Os responsáveis pela Cáritas na Ucrânia alertaram para a situação “dramática” que se vive no país, após a invasão da Rússia iniciada na quinta-feira.

“As nossas cidades, casas e jardins de infância foram destruídos, mas ninguém conseguirá destruir as nossas aspirações de paz e liberdade”, disse o padre Vyacheslav Grynevych, diretor-executivo da ‘Cáritas-Spes’ Ucrânia, num vídeo divulgado através da ‘Caritas Internationalis’.

Esta é uma das duas organizações ucranianas membros da confederação internacional da Cáritas, apoiada por outras 35 organizações católicos de solidariedade e assistência humanitária.

“Neste momento dramático, continuamos corajosamente a ajudar as pessoas necessitadas”, indicou o padre Grynevych, elogiando o empenho de 67 funcionários e 120 voluntários da Cáritas-SPES.

“Com a ajuda de Deus, continuaremos o nosso serviço, não deixando ninguém para trás”, acrescentou.

A ‘Caritas Internationalis’ refere, em comunicado enviado hoje à Agência ECCLESIA, que lançou um apelo de emergência, que visa ajudar cerca de 13 mil pessoas em “áreas críticas” do conflito como Kramatorsk, Rubizhne, Zaporizhya, Volnovakha, Mariupol, Kharkiv, Dnipro, Kiev, Zhytomyr, Odesa, Ivano-Frankivk.

“A Cáritas Ucrânia e a Cáritas-Spes já estão a ajudar milhares de deslocados internos que agora procuram desesperadamente um abrigo seguro, tanto no oeste da Ucrânia quanto no estrangeiro”, indica a nota de imprensa.

As duas organizações estão a fornecer às pessoas deslocadas “informações essenciais, alimentos, água potável e kits de higiene pessoal, bem como um local seguro para dormir”.

Os funcionários e voluntários da Cáritas também fornecem transporte seguro para o reencontro de famílias, com particular atenção a mulheres e crianças.

“A Cáritas-Spes administra 22 pequenas casas familiares em toda a Ucrânia e oferece transporte seguro para os seus centros no oeste da Ucrânia às crianças nas suas instalações e centros estatais nas áreas orientais”, informa a organização católica, referindo que a Ucrânia tem “um dos maiores números de crianças institucionalizadas do mundo”.

Já a Cáritas Ucrânia está a organizar ‘Espaços Amigos da Criança’ para a prática de desportos e atividades, procurando ajudar os menores a “lidar com o stress psicológico causado pelo conflito”.

Tetiana Stawnychy, presidente da Cáritas Ucrânia, mostrou-se orgulhosa da equipa que está a “atender às necessidades dos mais vulneráveis”.

“Agradecemos a manifestação de apoio dos nossos parceiros e pessoas de boa vontade do exterior. Por favor, apoiem o apelo da Caritas Internationalis. As necessidades crescem a cada dia”, alertou.

Cáritas Portuguesa  informou este sábado que se encontra a apoiar o trabalho da sua congénere na Ucrânia no local, “conforme as suas necessidades exigirem”, com “alimentos, água potável, acomodações seguras e kits de higiene, bem como garantir transporte para que as pessoas possam chegar até áreas seguras”.

“A confederação Cáritas estará pronta para responder às necessidades da população e o nosso foco será sempre proteger as pessoas e salvar vidas”, indicou a organização católica.

Mais de 200 mil ucranianos chegaram aos países vizinhos desde o início da invasão russa à Ucrânia, na quinta-feira, de acordo com um novo balanço da agência das Nações Unidas para os refugiados (ACNUR).

A Rússia lançou na madrugada de quinta-feira uma ofensiva militar na Ucrânia, alegando a necessidade de desmilitarizar o país vizinho.

O ataque foi condenado pela generalidade da comunidade internacional.

O responsável pela exarquia (diocese) de Kharkiv, da Igreja Greco-Católica Ucraniana, disse à agência SIR, da Itália, que as pessoas “vivem com medo, ansiedade e pânico desde o início da guerra”.

“Perderam o sentido de uma resposta adequada ao que está a acontecer. Escondem-se mesmo quando não há perigo real”, relatou D. Vasyl Tuchapets.

As forças ucranianas reassumiram o controlo de Kharkiv, disse hoje o governador regional, Oleg Sinegubov, horas depois de ter anunciado um avanço do exército russo e combates de rua na segunda cidade da Ucrânia.

OC

Ucrânia: Confederação Internacional da Cáritas alerta para «catástrofe humanitária colossal»

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