Sínodo: «Temos de acreditar que esta Igreja unida e fraterna na diversidade pode ser um grande exemplo para a humanidade», assinala bispo de Angra

D. Armando Esteves Domingues destaca «momento de esperança muito grande»

Angra do Heroísmo, Açores, 12 out 2023 (Ecclesia) – O bispo de Angra afirmou que “há uma grande expectativa” com a XVI Assembleia do Sínodo dos Bispos, que está a decorrer no Vaticano, e que esta gera uma grande esperança”, lembrando que “não é nenhum concílio”.

“É um momento de esperança muito grande, está em causa muita coisa: Em primeiro lugar a Igreja ser capaz de se sentar, de se confrontar com o Evangelho, e de ser capaz ai dentro de escutar o Espírito que lhe diga em que ponto está, e os desafios que se hoje colocam à Igreja”, começou por explicar D. Armando Esteves Domingues, no último podcast ‘Palavras que abrem Caminho’, do portal ‘Igreja Açores’, enviado à Agência ECCLESIA.

A primeira sessão da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos decorre até 29 de outubro, com o tema ‘Para uma Igreja sinodal: comunhão, participação, missão’; Francisco decidiu que a mesma terá uma segunda etapa, em 2024.

O bispo de Angra lembra que “não é nenhum Concílio”, mesmo que “alguns” até gostassem que fosse, mas, neste “tempo de mudanças tão aceleradas, ninguém vai querer legislar, ordenar a fé”, como noutros momentos da história.

“São tempos não fáceis para a humanidade e também não é, em consequência, para a Igreja, como sempre foi ao longo do tempo”, comentou.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, “há uma grande expectativa e esta gera uma grande esperança”, lembrando que na Igreja “nunca na história houve uma consulta alargada a todo o povo de Deus”

Podemos dizer que é uma das ânsias de toda a humanidade ser ouvida: os pobres, as periferias, não só as que lá estão, mas que vamos continuando a criar e a aprofundar”.

O Papa Francisco, acrescenta o bispo diocesano, não esteve no Concílio, mas “tem a prática conciliar e este estilo sinodal muito no sangue, na sua vida, na sua forma de estar”, mesmo quando tem “posições mais drásticas”, intervenções mais fortes.

Segundo D. Armando Esteves Domingues, as questões que apoquentam os cristãos de hoje, a humanidade, “à Igreja apoquenta-a por dentro e alguns deles até a apodrecem por dentro, posições duras, veementes, até práticas de vida que não consonantes com a doutrina tradicional”, dando como exemplo alguns “mais fraturantes”, “papel das mulheres, celibato, questões de género”.

“Espero que tenhamos uma tal abertura que estes temas possam ser discutidos, possam estar na agenda do sínodo e possam continuar na agenda da Igreja”, assinalou, realçando que “não existe” conservadores e progressistas, mas as “sensibilidades das pessoas hoje”, existem correntes, “existem, às vezes, até blocos de Igrejas”.

O bispo de Angra, lembrando a sala onde decorre a assembleia sinodal, afirmou que “não importa as cadeiras”, porque “aquilo que está fixo pode-se sempre arrancar”: “Para o bem da Igreja do presente e também para fazer voltar o nosso Deus, que é um Deus de amor, um Deus de esperança”.

O encontro tem 365 votantes – 54 mulheres – a quem se somam, sem direito a voto, 12 representantes de outras Igrejas e comunidades cristãs (delegados fraternos), oito convidados especiais e colaboradores da Secretaria-Geral do Sínodo; outras 57 pessoas, entre elas 20 mulheres, vão participar como peritos, ou “facilitadores”, sem direito a voto.

“Imagino o que seja este trabalho de irmãos, independentemente dos ministérios, este trabalho de povo, este escutar o Espírito Santo. Este diálogo de escuta se ele for profundo dá sempre frutos, quando nos sentamos para nos ouvirmos dá sempre frutos. Temos de acreditar que esta Igreja unida e fraterna na diversidade pode ser um grande exemplo para a humanidade”, desenvolveu o bispo de Angra, no podcast ‘Palavras que abrem Caminho’.

A Conferência Episcopal Portuguesa está representada no Sínodo pelo seu presidente e vice-presidente, D. José Ornelas e D. Virgílio Antunes, respetivamente.

CB/OC

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