Sínodo: Diocese do Funchal quer «encontrar caminhos conjuntos» que respondam a interrogações «dentro e fora da Igreja» – cónego Manuel Ramos

«Vitalidade» marcou primeira fase do processo de escuta que reconheceu clericalismo, religiosidade popular e envelhecimento como marcas do viver cristão naquele território

Foto Agência ECCLESIA/PR

Funchal, 09 ago 2024 (Ecclesia) – O cónego Manuel Ramos, coordenador da equipa que acompanhou o processo sinodal na diocese do Funchal, afirmou o desejo de ver a maior “vitalidade e pujança” perante os desafios sinodais mas sublinhou à Agência ECCLESIA o “interesse” suscitado.

“Se numa primeira fase a curiosidade e o interesse surgiam, depois a continuidade já foi inferior, com menos vontade e recetividade. As propostas sinodais são um caminho. Creio que ainda temos muito que aprofundar e os resultados não são assim tão evidentes”, lamenta.

O Papa Francisco lançou em 2021 um processo de escuta de toda a Igreja de forma a torná-la mais participativa, mais comunhão e mais missionária; o processo conhece em outubro a segunda sessão da XVI Assembleia-geral do sínodo dos bispos, dando continuidade ao processo iniciado, agora com base em outro instrumento de trabalho, que resultou da reflexão de mais de

O texto, intitulado ‘Como ser Igreja sinodal missionária’, apresenta 112 pontos, divididos em três partes, com uma introdução e uma secção de “fundamentos”.

O Vaticano recebeu 108 relatórios de Conferências Episcopais (de um total de 114), nove das Igrejas Católicas Orientais, o contributo da USG-UISG (União Internacional dos Superiores Maiores e a União Internacional das Superioras Gerais), organismos da Cúria Romana e mais de 200 comentários, provenientes de realidades internacionais, faculdades, associações de fiéis, comunidades e pessoas individuais.

O responsável indica que a “dimensão sinodal na Igreja” esteve sempre presente mas que após a escuta das comunidades e grupos que se mobilizaram, a diocese reconhece desafios a enfrentar.

“Vivemos tempos de interrogações diferentes com pessoas dentro e fora da Igreja; há uma procura transversal da vida espiritual e também uma vacilação na busca das lógicas e refúgios ou refúgio em soluções imediatas. Era importante reavivar essa esperança, na fonte, do Evangelho”, sublinhou.

Os participantes nos grupos de escuta na diocese do Funchal sublinharam o “desejo comum de encontrar caminhos de evangelização que respondam à situação atual” e não manifestaram, indica o responsável, “resignação”.

“A realidade da Igreja ainda está muito centrada na estrutura clerical, que vivemos, na celebração dos sacramentos, numa forte componente da religiosidade popular, que também se nota um crescente envelhecimento dos que praticam a fé. Portanto, sentimos muito esta realidade. A escuta sinodal ajudou-nos a formas de o caminhar juntos”, indicou.

A equipa que acompanhou o processo sinodal na diocese do Funchal procurou que para além da auscultação em grupos, a proposta do Papa Francisco pudesse chegar a um público mais vasto, disponibilizando a participação digital, organizando encontros, mesas redondas com “momentos para escutar os mais distantes e afastados”.

“Não foi assim tão marcante, mas ajudou-nos a perceber a necessidade de escutar mais, de nos aproximarmos mais também das periferias, das pessoas e das realidades que marcam a nossa diocese”, reconhece.

A conversa com o cónego Manuel Ramos vai estar no centro do programa ECCLESIA, este sábado, na antena 1, pelas 6h.

LS

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