Sínodo 2024: «A questão que se coloca é se temos capacidade humana, espiritual, pastoral, para não ficarmos a dormir» – José Eduardo Borges de Pinho (c/ vídeo)

Teólogo português partilhou expectativas sobre a segunda assembleia do sínodo, e diversas sugestões

Lisboa, 30 set 2024 (Ecclesia) – O teólogo José Eduardo Borges de Pinho considerou “expectável” que existam temas que tenham sido filtrados para esta segunda sessão da Assembleia do Sínodos dos Bispos e adiantou “algum receio” pelo período posterior, que é da aplicação.

“A questão que se coloca agora é se nós temos capacidade humana, espiritual, pastoral, para não ficarmos a dormir, não ficarmos à espera, mas ir fazendo, praticando, pondo em marcha processos. Dando aliás continuidade àquela fase inicial, que foi entusiasmante em muitos setores e em muitos lugares”, disse, em entrevista ao Programa ‘70×7’, transmitido este domingo, na RTP2.

José Eduardo Borges de Pinho, membro da equipa sinodal da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), lembrou que a segunda sessão da 16ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, a partir desta quarta-feira, entre 2 e 27 de outubro, no Vaticano, é a fase conclusiva de “um processo de três anos”, mas dá início ao “começo da aplicação daquilo que agora vai sendo refletido de novo”.

Para o teólogo português, era “expectável” que esta segunda assembleia fosse filtrada de alguns temas mais incómodos ou polémicos, porque, esses temas, “de alguma forma vão aparecer através dos relatórios previstos dos grupos de trabalho internacionais”, e acrescenta que, por outro lado, “é inevitável” que as pessoas exprimam neste processo de discernimento “a sua leitura, até a sua preocupação”.

A questão do diaconado feminino, por exemplo, vai ser “inevitavelmente” refletida no âmbito dos ministérios em geral, dos ministérios de batismais em particular “e dos ministérios em que as mulheres podem e devem participar e já participam em parte”.

O entrevistado realçou que há “uma amplitude de questões”, e “não foi uma estratégia do Papa Francisco para simplesmente pôr debaixo do tapete”, como o “exercício da autoridade nos diversos lugares”, a nível das Igrejas locais, da formação dos ministros, “nomeadamente dos sacerdotes, dos futuros sacerdotes”, e a formação em geral.

“Foi uma estratégia que me parece ter sido pensada em função da importância e dos temas, dos assuntos, e na consciência de que qualquer deles precisa de aprofundamento, nova consciencialização das comunidades cristãs, precisa de discernimento nessas mesmas comunidades cristãs”, acrescentou o professor jubilado da Universidade Católica Portuguesa (UCP).

José Eduardo Borges de Pinho, uma das suas sugestões para as comunidades, era que alguém acompanhasse “com muita atenção” aquilo que vai acontecer em Roma, para “perceber afirmações, intencionalidades, movimentos, questões”, e, logo que possível tivessem uma reunião para partilhar “o que é que foi importante e qual é o caminho”.

Há propostas concretas que “podem e devem ser desde já assumidas como realidade a refletir”, como revisão de vida das comunidades, como a questão dos pobres, que é maneira “como a Igreja vive a sua relação com o mundo concreto”.

O teólogo português destaca que uma Igreja que abra as portas é um “passo absolutamente fundamental”, se calhar, neste momento, “até o mais fácil”, mas existe o passo complementar “que é ir ao encontro”, e alerta para as mentalidades que “fecham portas, que não percebem os sinais dos tempos”.

Para José Eduardo Borges de Pinho, durante este ano pastoral, talvez se justificasse que, “em concreto, dois ou três pontos da sinodalidade”, deste estilo sinodal, fossem particularmente refletidos, e sugeriu o ‘discernimento comunitário’, o ‘funcionamento concreto real dos conselhos pastorais paroquiais’, “a qualidade e verdade das celebrações”, e num nível “mais amplo das dioceses” refletiram sobre a realidade concreta dos “conselhos diocesanos, desde o conselho episcopal ao conselho presbiteral, ao conselho pastoral”.

A CEP está representada pelo seu presidente, D. José Ornelas, e pelo vice-presidente, por D. Virgílio Antunes, segunda sessão da Assembleia do Sínodos dos Bispos; o cardeal Américo Aguiar, bispo de Setúbal, vai participar por nomeação do Papa Francisco; já o cardeal Tolentino Mendonça participa na condição de prefeito do Dicastério para a Cultura e Educação (Santa Sé).

De Portugal, participam também nesta segunda sessão 0  padre Miguel de Salis Amaral, docente da Universidade Pontifícia da Santa Cruz, em Roma, integrando o grupo de peritos (teólogos, facilitadores, comunicadores); o padre Paulo Terroso, da Arquidiocese de Braga, e Leopoldina Simões, assessora de imprensa, no grupo dos “assistentes e colaboradores”.

HM/CB

 

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