Santarém: Federação Portuguesa de «Pueri Cantores» promoveu congresso nacional

«O meu sonho era que todas as paróquias tivessem a catequese ligada aos coros de pequenos cantores», David Paccetti Correia

Foto: Agência ECCLESIA/CB

Santarém, 15 fev 2023 (Ecclesia) – A Federação Portuguesa de Pueri Cantores promoveu o II Congresso Nacional, com seis coros de várias regiões do país, que participaram em ensaios, celebrações, aulas e momentos de convívio e culturais, de 10 a 12 de fevereiro, em Santarém.

“Temos aprendido diversas músicas e pelos sítios por onde passamos tenho aprendido diversas culturas dos países por onde formos”, disse Rita Castro, dos ‘Pueri Cantores São Cristóvão de Ovar’, em declarações à Agência ECCLESIA.

Para a adolescente de 13 anos de idade, que integra o coro há oito anos, participar neste congresso, com mais cinco coros, “é incrível, porque há quem não tenha conseguido e têm de a “agarrar estas oportunidades”.

Segundo o presidente da Federação Portuguesa de Pueri Cantores, realizar este “congresso pós pandemia é um grande desafio”, porque é um esforço extra de reconstituição de alguns coros, e destaca “uma evolução muito positiva” da primeira edição, com três coros, para este novo encontro.

“Esperamos que tenha impacto e seja um relançar da vida coral dos pequenos cantores na liturgia em Portugal, faz tanta falta à liturgia ter pequenos cantores e faz muita falta aos pequenos participar na liturgia”, disse David Paccetti Correia, em declarações à Agência ECCLESIA, após a sessão inaugural do congresso.

O responsável explicou que a presença do presidente do Serviço Nacional de Música Sacra da Igreja Católica em Portugal “é muito importante” para que se dê “um passo certamente de bom grado em todas as dioceses” que a música dos pequenos cantores passe “a ser parte integrante, ou pelo menos ser um extra quase indispensável, da vida da catequese”.

O padre António Cartageno, o responsável pelo Serviço de Música Sacra do Secretariado Nacional de Liturgia, espera que este congresso “seja uma força” para ajudar a formar mais coros de crianças e de jovens nas liturgias.

O sacerdote e compositor português destacou que apoiam “inteiramente” esta iniciativa, “um tempo de formação, de convívio, de aprofundamento da sua identidade como coro litúrgico”, e outras que integrem as crianças e os jovens “a fazer musica para a liturgia e boa música”.

Nos coros de pueri cantores aprendem a louvar a Deus através da música e isso é muito importante, usar a música para louvar a Deus, usar a música para ajudar a assembleia cristã a cantar. E também porque o envolvimento dos coros de crianças e jovens na liturgia também traz os pais e isso é importante do ponto de vista pastoral e evangelizador. É um serviço à família.”

O presidente da Federação Portuguesa de Pueri Cantores, David Paccetti Correia, sublinha que “o sonho é que haja muitas dioceses a entusiasmarem-se” com a possibilidade dos seus catequisandos integrarem, por exemplos no final das sessões, “um mini ensaio para poderem participar na liturgia das suas paróquias”.

“O meu sonho era que todas as paróquias tivessem a catequese ligada aos coros de pequenos cantores”, apontou.

Para o monsenhor António Cartageno, estes coros têm “toda a importância”, primeiro pelo envolvimento das crianças e dos jovens, “que é sempre muitíssimo educativo do ponto de vista litúrgico e artístico”.

“As crianças, infelizmente, hoje, nas nossas escolas têm música apenas no ciclo e não aprendem grande coisa, aprendem o que é possível”, lamentou ainda o presidente do Serviço Nacional de Música Sacra da Igreja Católica.

Rita Castro explica que a mãe é catequista e, “desde pequenina”, foi “habituada a ir à Missa” onde cantava o coro: “Fiquei fascinada com a música e perguntei se podia ir, ela deixou, por isso entrei”.

“Os meus amigos também gostam de cantar, não é a mesma coisa, mas costumamos interagir através da música”, referiu a cantora de São Cristóvão de Ovar, assinalando que também toca flauta, o que a “ajuda a concentrar”.

“A Federação portuguesa dos pequenos cantores é ainda uma criança, mais nova do que as crianças que temos a cantar. O trabalho está quase todo por fazer, este é o segundo congresso, mas, na verdade, meteu-se a pandemia pelo meio e precisamos de dilatar a ação deste pequeno núcleo fundador da federação portuguesa”, adiantou o padre Joaquim Ganhão, assistente espiritual da federação.

O sacerdote da Diocese de Santarém explica que caminham “na esperança de dias com mais trabalho, com mais pessoas e com mais gente a aderir à federação”, sobre a Schola Cantorum escalabitana realça que, “há várias vertentes, não apenas o canto mas também o estudo e o ensino do órgão”, a participação nas celebrações e continuam “numa fase de refazer o grupo e atrair novos coralistas”.

A 31 de dezembro de 2015, o Papa recebeu em audiência cerca de seis mil participantes no 40.º congresso internacional dos ‘Pueri Cantores’, incluindo quatro grupos portugueses, um encontro lembrado em Santarém.

CB/OC

Foto: Pueri Cantores Portugal

A organização convidou o maestro e compositor Christopher Bochmann para apresentar a masterclass ‘A técnica de direcção de um coro de igreja’, para além de ter conduzido o concerto de Gala deste 2.º Congresso Nacional de Pueri Cantores.

“É muito importante fomentar o canto em tudo, também na Igreja, e o importante com o canto não é apenas cantar, vamos cantar uma melodiazinha, mas é de trabalhar para que a música seja de qualidade, porque sendo de qualidade atinge muto mais pessoas”, disse o professor catedrático jubilado à Agência ECCLESIA.

O maestro Christopher Bochmann, que na masterclass mencionou a escultura ‘Pieta’ de Miguel Ângelo, salientou que o canto, “como muitas outras manifestações artísticas”, quando a arte tem qualidade “enaltece, enriquece, cria mais uma dimensão para a fé”,

“Neste caso, o importante é que não seja apenas música, mas que seja música de qualidade, acima de tudo é a qualidade que enriquece; Infelizmente, a música nas escolas é, muitas vezes, encarado apenas como oportunidade para as crianças puderem cantar um melodiazinha e dá-se pouca atenção à qualidade do que estão a fazer, ao órgão corporal que é a voz, que é a corda vocal, os pulmões, tudo isto faz parte também do crescimento de um jovem, saber utilizar o seu corpo como deve de ser”, desenvolveu o maestro, que na infância cantou no coro da Capela de São Jorge, no Castelo de Windsor.

 

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