Santa Sé: «Que os cristãos do Médio Oriente sejam testemunhas nas terras martirizadas pela guerra» – Francisco

Papa recebeu o patriarca Mar Awa, 30 anos após a assinatura de Declaração Cristológica conjunta

Foto: VaticanNews

Cidade do Vaticano, 09 nov 2024 (Ecclesia) – O Papa recebe hoje no Vaticano opatriarca assírio Mar Awa, 30 anos após a assinatura da “Declaração Cristológica Conjunta” por João Paulo II e Mar Dinkha IV, que pôs fim a 1o00 anos de controvérsias doutrinais entre as duas Igrejas.

“Rezar juntos, com um pensamento para os muitos irmãos e irmãs cristãos do Médio Oriente, para que eles possam “dar testemunho de Cristo nas terras martirizadas pela guerra”, refeiu, numa intervenção divulgada pelo portal VaticanNews.

“Caminhemos e trabalhemos juntos rumo à plena unidade. Que o diálogo da verdade nunca seja separado do diálogo da caridade e da vida”, acrescentou Francisco.

A audiência no Palácio Apostólico – que também comemora o 40º aniversário da primeira visita a Roma de um patriarca assírio – contou com a presença de membros da Comissão Mista para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e a Igreja Assíria do Oriente, que iniciou seus trabalhos em 1984, estimulados pelo Papa João Paulo II e Mar Dhinka, e que agora iniciou uma nova fase de diálogo sobre a liturgia.

No encontro, o Papa argentino citou palavras de Unitatis redintegratio, o decreto conciliar sobre o ecumenismo cujo 60.º aniversário ocorre em novembro: “O Senhor dos séculos, nestes últimos tempos, começou a infundir de modo mais abundante nos cristãos separados entre si a compunção de coração e o desejo de união”.

Em seguida, o Papa citou o “grande” e “bom” Ioannis Zizioulas, teólogo ortodoxo, metropolita-mor de Pérgamo, falecido em 2023, que sempre foi descrito como um “pioneiro do ecumenismo”.

“Passo a passo, lentamente…”, sublinhou Francisco, sempre guiados ao longo desse caminho pelo “desejo de unidade” que “é uma graça que inspirou o movimento ecuménico desde as suas origens e que devemos cultivar constantemente”.

O desejo da unidade é um “desejo” antigo e sempre novo, que está no coração da Declaração Cristológica Conjunta entre as duas Igrejas que “pôs fim a 1.500 anos de controvérsias doutrinais relacionadas ao Concílio de Éfeso”, reconhecendo “a legitimidade e a exatidão das várias expressões da nossa fé cristológica comum”.

A Declaração Cristológica Conjunta também deu início à instituição de uma Comissão Mista para o diálogo teológico entre as duas Igrejas.

Os resultados desse trabalho têm sido “notáveis”, enfatizou Francisco, lembrando alguns acordos doutrinais e pastorais assinados nos últimos anos.

“O diálogo teológico é indispensável no caminho rumo à unidade, pois a unidade pela qual almejamos é a unidade na fé, desde que o diálogo da verdade nunca seja separado do diálogo da caridade e do diálogo da vida, um diálogo que seja humano, total”

No final da audiência, o Papa convidou os presentes a rezarem juntos o Pai-Nosso: “Que cada um o reze de acordo com sua própria tradição e língua, a meia voz”.

LFS

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