Religiões unidas contra tráfico humano

«Rede Global de Liberdade» reúne católicos, anglicanos e muçulmanos contra um problema que atinge pelo menos 30 milhões de pessoas

Cidade do Vaticano, 17 mar 2014 (Ecclesia) – O Vaticano acolheu hoje a apresentação de um projeto inter-religioso de luta contra o tráfico e a exploração de seres humanos, que vai estar em vigor até 2020.

De acordo com a sala de imprensa da Santa Sé, a iniciativa, intitulada “Rede Global de Liberdade”, reúne os esforços de católicos, anglicanos e muçulmanos para procurar “erradicar as formas modernas de escravatura” que atingem homens, mulheres e crianças de todo o mundo.

Um comunicado assinado pelo chanceler da Academia Pontifícia das Ciências, D. Marcelo Sánchez Sorondo, em nome do Papa Francisco, denuncia que atualmente cerca de “30 milhões de pessoas estão condenadas à desumanização e degradação, vítimas de exploração física, económica e sexual”.

“Cada dia em que esta trágica situação se arrasta constitui um grave assalto à humanidade e representa também uma afronta vergonhosa à consciência de todas as pessoas”, pode ler-se no documento, que conta com o apoio do arcebispo da Cantuária, responsável máximo da Igreja Anglicana, e do grande imã de Al-Azhar, no Cairo.

Idealizada com a colaboração da Fundação “Walk Free”, criada por Andrew Forrest, a Rede Global de Liberdade pretende combater a “indiferença” perante este problema e incentivar “comunidades religiosas, governos e pessoas em geral à ação”.

“Só ativando, em todo o mundo, os ideais da fé e os valores sociais” é que será possível eliminar um “mal” que tem dedo “humano” mas que pode também ser combatido através do “esforço humano”, realçam os signatários.

“Apesar de todas as diligências já efetuadas, a nível internacional, a escravatura moderna e o tráfico humano continuam em expansão”, acrescentam os promotores do projeto, que lamentam que muitas das situações, e as suas vítimas, continuem “escondidas” dos olhares do público.

“Lugares de prostituição, fábricas e quintas, embarcações de pesca, estabelecimentos ilegais, residências privadas” são apenas alguns dos exemplos de locais onde a exploração e o tráfico humano têm lugar.

Mas existem “inúmeros outros lugares, em cidades, aldeias e favelas, em países ricos ou nas nações mais pobres”, recorda o documento assinado pela Santa Sé.

Durante este ano, a “Rede Global de Liberdade” vai ser reforçada através de um esforço conjunto, ao nível das comunidades religiosas, dos seus líderes, junto do meio empresarial, especialmente das multinacionais, e do mundo da política, no sentido de combater o tráfico e a escravatura humana.

A ideia é também começar a criar condições, ao nível dos países, para a criação de um “Fundo Global contra a Escravatura”, sobretudo com o contributo das 20 nações mais ricas do mundo.

Destaque ainda, até ao final de 2014, para a realização de ações de sensibilização junto dos jovens e a mobilização de famílias, escolas, universidades, congregações e institutos para a educação e informação das comunidades.

JCP     

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