Pós-Troika: Políticos sem «saída limpa»

Padre José Luís Borga afirma que a sociedade tem de «continuar a arregaçar as mangas» e pede «solidariedade para quem está frágil»

Lisboa, 26 mai 2014 (Ecclesia) – O padre José Luís Borga disse que a saída da Troika de Portugal, no dia 17 de maio, foi uma “etapa declarada pelos políticos” e que “saída limpa” deveria referir-se “à clareza dos políticos perante a opinião pública”.

“ «Saída limpa» tem sido uma expressão gasta. A palavra «limpa» deveria estar ligada à clareza dos políticos perante a opinião pública”, afirmou o sacerdote da diocese de Santarém à Agência ECCLESIA, no espaço de comentário no programa de rádio.

Para o sacerdote, a saída da Troika, constituída por elementos do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia, que durante três anos fiscalizaram e acompanharam o programa de ajuste financeiro realizado por Portugal, é “etapa declarada pelos políticos”.

“O cidadão comum tem de continuar a caminhar e arregaçar as mangas, acreditando num futuro melhor, no qual eu e os meus irmãos teremos uma palavra a dizer”.

O sacerdote sublinha haver “muito trabalho” e adianta que gostaria de ver os políticos a fazer uma “avaliação dos três anos” e não preocupados com discursos “de quem teve ou não razão”.

O padre José Luís Borga lembra que está por fazer a “pior contabilidade”, referindo-se a quem se encontra em “situações de fragilidade e não consegue sair sozinho” das dificuldades.

“Há muita gente a viver em situações difíceis, que sozinhos não conseguem. Tem de haver na sociedade dinâmicas de pessoas que estendam a mão, de pessoas que peçam ajuda, e confiam que, pedindo ajuda, vão ser ajudados. Esses são os sinais mais sadios e limpos, porque isso significa que somos sociedade e comunidade. Se assim for, aqui todos temos palavras a dar”.

O tempo futuro, sem o acompanhamento da Troika, será para o comentador da ECCLESIA, “ainda mais doloroso”.

“Não conseguimos imaginar o que significam estes três anos na prática e que dinâmicas são ainda necessárias para erguer um Portugal mais justo, mais verdadeiro, mais dinâmico, mais entusiasmado”.

Para o sacerdote os termos «vamos todos colaborar», «imposto de solidariedade» tornaram-se “desgastantes” e foram “mal usados”.

“A crise desgastou a credibilidade de uma classe que nós precisávamos muito e, sobretudo, precisávamos de confiar nela”.

O padre José Luís Borga integra um grupo de colaboradores da Ecclesia que semanalmente comenta a atualidade informativa cuja análise completa pode encontrar no canal 524995 da plataforma MEO.

LS

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