Portugal: Primeiro Curso de Integração Missionária está centrado no verbo «vir»

«Integração e inculturação» são desafios para missionários que chegam a Portugal, afirma o padre Adelino Ascenso

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Fátima, 24 jul 2024 (Ecclesia) – O coordenador do Curso da Integração Missionária (CIM), padre Adelino Ascenso, disse à Agência ECCLESIA é necessário promover a “integração e inculturação” dos missionários que vêm para Portugal ou para a Europa e “estimular” o seu acolhimento.

 “O curso está concentrado no vir, enquanto o curso de missiologia é concentrado no ir” e engloba “um leque bastante abrangente”, afirmou o também presidente da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP) a respeito do curso para missionários e missionárias que iniciam o trabalho pastoral fora do seu contexto de origem.

O CIM destina-se a também missionários e missionárias portugueses que estiveram “muito tempo” noutros países e, como o mundo “está em constante evolução”, os portugueses que regressam ao país necessitam de algum processo “de integração e de inculturação”, frisou o superior geral dos Missionários da Boa Nova.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

O padre Adelino Ascenso, que já esteve em missão no Japão, perante a questão se é mais fácil ir ou vir, disse à Agência ECCLESIA que “talvez seja mais fácil ir” porque quem parte vai com o “fogo inicial” ir ao encontro de “um campo diferente”.

“O diferente é sempre um desafio, mas também é um desafio estimulante e vamos com toda essa paixão, portanto é mais fácil”, acrescentou o coordenador do CIM.

Quando se entra no campo de missão e da inculturação, os valores “são abanados por aquilo que é uma cultura diferente, uma forma de agir e de viver a fé diferente da nossa, portanto isso é bastante difícil”, afirma.

Depois de algum tempo fora, os missionários portugueses quando regressam “pensam que estão a chegar ao país que conheceram, mas isso é um pressuposto errado” porque “regressam a um país que não é aquele que deixaram”.

 No curso estão presentes missionários e missionárias ligadas ao mundo da lusofonia, e o padre Adelino Ascenso considera que “as facilidades e dificuldades” de integração passam muito pelo “acolhimento” e “depende muito dos portugueses”.

Portugal tem que passar “por um processo de conversão no que diz respeito ao acolhimento, e acolher corretamente e procurar integrar essas pessoas para que elas se sintam bem e para que elas se sintam valorizadas nas suas diferenças”, apontou.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Para o padre Eduardo Miranda, missionário Espiritano, que já esteve em várias latitudes, é necessário que um curso com este conteúdo para proporcionar aos participantes “uma plataforma que lhes permita perceber esta grande transição que acontece nas suas vidas”.

“Alguns são muito jovens, outros já são pessoas com uma certa experiência de vida, mas todo este movimento de passar para outra cultura tem etapas, tem mecanismos que é preciso de facto desenvolver”, referiu à Agência ECCLESIA o missionário espiritano.

O sacerdote, que esteve em missão na Amazónia, no Brasil, realça que se o chamamento é feito de forma repentina “naturalmente há cortes, há projetos, há sonhos que tu pensavas realizar e que efetivamente agora tomam eventualmente uma outra direção, que foi o meu caso”.

Num mundo globalizado onde as movimentações demográficas são visíveis, o padre Eduardo Miranda refere que “todos, não apenas os missionários, têm de situar-se e ver esta diversidade de pessoas” que estão em Portugal “como uma riqueza”.

O Curso de Integração Missionária está a decorrer pela primeira vez em Portugal, no Centro Missionário Allamano, e termina esta sexta-feira, dia 26 de julho.

LFS/PR

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