Portugal: «Nós podemos até colocar luzes de Natal na varanda de casa, mas se for preciso temos migrantes a viver na garagem» – padre João Torres

Pároco de Priscos critica discursos de quem quer banir migrantes de Portugal

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Braga, 24 dez 2024 (Ecclesia) – O padre João Torres, pároco de Priscos, na Arquidiocese de Braga, destacou que o Natal representa os valores da inclusão, “onde todos têm lugar”, salientando que discursos a banir migrantes são o oposto da mensagem desta época.

“Nós podemos até colocar luzes de Natal na varanda de casa, mas se for preciso temos migrantes a viver na garagem, não faz sentido, é o contrário do Natal”, afirmou o sacerdote, em entrevista à Agência ECCLESIA.

A edição 2024 do Presépio ao Vivo de Priscos, um dos maiores e mais autênticos da Europa, do qual o padre João Torres é responsável pela realização, propõe uma reflexão sobre o tema da “Inclusão de migrantes e minorias”.

O sacerdote realça que os migrantes “são contribuintes” e pessoas que trouxeram “encantos diferentes” a muitas comunidades, dando o exemplo de autarquias que fizeram “até esforços financeiros” para acolhê-los para “poderem aumentar a sua população”.

“E quantos exemplos bons existem no nosso país, dessas pessoas estarem nessas comunidades, que trouxeram um colorido diferente às terras, trouxeram também a sua cultura”, enfatizou.

O padre João Torres realça a importância de os imigrantes conhecerem as tradições do país onde estão, “sem impor também as suas”, em que cada um tem de saber dar os “passos certos” para a boa convivência num mesmo local.

“Creio que todo este tipo de discursos de gente que quer banir os migrantes do nosso país não é um discurso Natal e também não é um discurso daquelas pessoas que se consideram verdadeiramente portugueses”, sublinhou.

Sobre a crescente utilização do Serviço Nacional de Saúde por estrangeiros, o entrevistado afirma que têm de haver mecanismos legais, para perceber até que ponto se trata de “turismo de saúde” ou se é realmente alguém que está “em Portugal e recebe cuidados de saúde, porque faz parte da sociedade portuguesa”.

A XVII edição do Presépio ao Vivo de Priscos, que recria cenas da vida na época do nascimento de Jesus, com mais de 600 figurantes, e que é construída com a colaboração do Estabelecimento Prisional de Braga, apresenta no primeiro cenário uma exposição fotográfica com frases sugestivas relativamente à inclusão de migrantes e minorias.

O presépio está aberto ao público nos seguintes dias: 25 de dezembro – 16h00 às 18h30; 29 de dezembro – 15h00 às 17h30; 1 de janeiro – 16h00 às 18h30; 4 de janeiro – 20h00 às 22h30; 5 de janeiro – 15h00 às 18h00; 11 de janeiro – 20h00 às 22h30 e 12 de janeiro – 15h00 às 18h00.

A entrada é feita mediante um valor simbólico em forma de donativo, cuja parte recolhida será destinada ao projeto de apoio a reclusos, que encontram nele uma oportunidade de reintegração e reabilitação.

PR/LJ

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