Portugal: Jovens mudaram conceção das missões na Igreja

Rede de Voluntariado Missionário congrega cerca de 60 entidades e envolve milhares de portugueses

Lisboa, 10 jun 2013 (Ecclesia) – Os jovens estão a mudar a forma como a sociedade olha para as missões e a ação da Igreja Católica em Portugal, defende Ana Patrícia Fonseca, da Rede de Voluntariado Missionário que congrega cerca de 60 entidades.

“Há 50 anos quando falávamos de pessoas missionárias falávamos de padres ou irmãs religiosas que viviam grande parte do seu tempo em missões, sobretudo em África. Hoje pela expressão que este movimento missionário tem, podemos pensar nos leigos”, afirma, numa entrevista à Agência ECCLESIA, no contexto das celebrações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas.

A responsável da Fundação Fé e Cooperação (FEC) admite um crescimento sustentável uma vez que “5000 pessoas já fizeram missões fora mas milhares de outros participaram na formação”, criando assim um dinamismo missionário em Portugal.

“Os jovens têm vontade, movem-se por ideais e por isso são capazes de transformar o seu mundo. Nas missões não é diferente”, explica Ana Patrícia Fonseca, mostrando o desejo de “assumirem a sua vocação de batizados” e uma “Igreja jovem e para os jovens”.

Com o Ano Europeu do Voluntariado e da Cidadania Ativa, em 2011, estas ações gratuitas e desinteressadas ganharam um “forte impulso”, mas a responsável pela Rede de Voluntariado Missionário alerta para uma dinâmica que se pode tornar “perversa”.

Mais do que promover as ações, a FEC está atenta ao “silêncio com que o voluntariado missionário as realiza”, num cuidado para não “tornar na pessoa um herói” e para “respeitar as comunidades locais”.

“Essa massificação do voluntariado pode ter efeitos perversos”, por isso “importa preparar bem os voluntários que partem para respeitar o ritmo e a cultura” dos locais onde as missões se realizam.

No regresso o voluntário tem “uma rede de amigos, a família, mais ou menos próximos com quem partilham a sua experiência”, numa lógica de contágio e potenciação da dinâmica mas de “equilíbrio na visibilidade e discrição”.

Numa altura de “forte crise, em que o desemprego e o tempo livre levam as pessoas a voluntariar-se para alguma ação” compete ao Estado “proteger voluntários e comunidades” para não permitir a “instrumentalizar o voluntariado”.

“Neste tempo que vivemos de forte crise corremos o risco de instrumentalizar o voluntariado, ao ponto de o voluntariado ser uma coisa onde cabe tudo, inclusive a substituição de postos de trabalho e isso é preciso acautelar, tanto por parte do Estado como de quem acolhe e envia os voluntários”, assinala Ana Patrícia Fonseca.

A responsável apela a um “trabalho sério” na formação de quem parte, tanto por parte do Estado como das entidades missionárias para “servir melhor quem está do outro lado”.

LS

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