Porto: «Grande desafio do sacerdote, hoje, é ser luz» – padre Pedro Teixeira

D. Manuel Linda ordenou quatro sacerdotes, na Sé do Porto

Foto: Diocese do Porto

Porto, 15 jul 2024 (Ecclesia) – Os quatro novos sacerdotes da Diocese do Porto, dois do Seminário Maior e dois do Seminário Redemptoris Mater, ordenados pelo bispo diocesano, este domingo, na catedral, partilharam desafios, a vocação e a disponibilidade em servir, comunidades e Igreja.

“O grande desafio do sacerdote hoje é ser mesmo luz, é ser luz para os outros, é não nos fecharmos em nós próprios, irmos ao encontro dos mais necessitados que precisam e estar no meio deles. E hoje vamos escutar isto no Evangelho: Jesus enviou-os dois a dois e nós somos mesmo convidados por Jesus a isso, ou seja, ir ao encontro do outro, estar no meio deles e fazer caminho”, disse o diácono Pedro Teixeira, em declarações à Agência ECCLESIA, antes da ordenação sacerdotal.

Com Pedro Teixeira foi também ordenado sacerdote David Azevedo, que quando entrou para o Seminário do Porto tinha “o sonho de ser pároco”, porque era o que via nos padres e, ao longo dos anos de formação essa vontade não continuou, com o que aprendeu, pensou e “aquilo que Deus foi falando”.

“Fui tentando estar disponível para aquilo que a Igreja me pedisse, estaria a mentir se não dissesse que, no fundo, gostaria de ser pároco. Contudo, penso que sou feliz a seguir Cristo, sou feliz a amar Deus e a amá-Lo nos irmãos, por isso estou disponível para aquilo que for necessário, para o que o bispo precisar e entender”, acrescentou.

O bispo do Porto ordenou também presbíteros David Laranjeira, de Vale de Figueira (Almada), na Diocese de Setúbal, e Adrián Javier Paucar, de Cuenca, no Equador, alunos do Seminário Redemptoris Mater, que recebe candidatos das comunidades do Caminho Neocatecumenal.

“É um momento de alegria. Eu pensava que ia durar apenas uma semana no seminário e o facto é que eu vejo que chegar até aqui é tudo por milagre de Deus”, disse David Laranjeira, que se apresentou como “um rapaz cheio de medos”, e vê que nesta realidade “é tudo obra e graça de Deus”.

Sobre o futuro, à Agência ECCLESIA, manifestou disponibilidade para ir “onde quer que seja”, agora, na Diocese do Porto, “mais à frente, onde o Senhor permitir, mas sempre, como diocesano e missionário”.

“Eu tenho particularmente gosto pelos velhinhos, estudei Psicogerontologia na faculdade, e é uma área que me chama muito. No entanto, sou chamado a ir ao encontro de todos”, acrescentou o jovem sacerdote de Almada.

Adrián Javier Paucar começa por salientar que o seu chamamento vocacional é uma história engraçada”, porque “era uma pessoa afastada da Igreja” e que “aos bocadinhos queria largar tudo e fugir das responsabilidades e da vida”, tinha os seus próprios planos, mas aos 15 anos, numa peregrinação com jovens do Equador propuseram “ir para um seminário, fazer uma experiência”.

“Aos 18 anos, larguei a minha casa, os meus familiares, amigos: Vamos para onde o Senhor me mandar. Estive dois anos no Chile, em missão, foi uma experiência de deserto, um deserto bom, e, ao longo destes anos todos, o Senhor foi-me apanhando os bocadinhos, e disse, ‘esta é a tua vocação’”, desenvolveu o sacerdote que tem “sempre esse bilhete de disponibilidade” pronto, um bilhete de ida junto do passaporte.

Os dois novos padres, que estudaram no Seminário Maior do Porto, tiveram experiências de trabalho antes da ordenação, e Pedro Teixeira, com 31 anos, explica que a vocação foi também discernida através da oração e através do trabalho, “arranjando-se sempre momentos para rezar, para poder entender melhor esta vontade de Deus”.

“Eu defendo que nós devemos passar por uma experiência de trabalho, e o meu percurso também foi muito isso. Sendo natural da Arquidiocese de Braga, entrei no Seminário Maior de Braga e depois fui vendo que realmente, talvez por idade, por ser muito novo, o caminho não seria por ali. Fui fazer esta experiência de trabalhar, aproveitando que o meu irmão também estava em França e tinha uma empresa de eletricidade, também para poder amadurecer melhor”, desenvolveu.

David Azevedo, tem 36 anos de idade, e após os estudos trabalhou durante nove anos na secção de expedição de uma empresa nacional, e observa que para onde for enviado “a maioria das pessoas serão trabalhadores”, e esta experiência pode permitir que os ajude “mais, perceber mais o mundo de trabalho, as situações, as relações humanas no trabalho, as relações entre patrão e funcionário”.

“Mas tentar ajudar depois a nível humano e espiritual nas relações e principalmente fazer perceber que somos chamados a ser no mundo os cristãos que nos dizemos e que somos pelo batismo. E como é que isso se concretiza no mercado de trabalho”, acrescentou.

O bispo do Porto, em declarações à Agência ECCLESIA, afirmou a “importância determinante” das novas ordenações sacerdotais, “numa Igreja de participação, de comunhão, uma Igreja sinodal”, mas onde só os leigos “não chegam para fazer a dimensão sacramental, que é inerente à própria Igreja”.

A partir do Evangelho da celebração, D. Manuel linda explicou que o repto que ia fazer, e desenvolveu na homilia, era de fidelidade ao Evangelho: “Hoje, o Evangelho proporciona-se para isso, no sentido da disponibilidade, da abertura, do ir, da missão, de receber uma vocação de facto em função de um trabalho específico”.

O bispo do Porto, sobre o seu Seminário Maior, afirmou que, “graças a Deus, está a produzir os seus frutos”, e querem que “um seminário para este tempo, em todos os âmbitos, também no habitacional”, lembrando que a nível do edifício, vão regressar à “casa habitual tão breve quanto seja possível”, quando terminarem as obras.

“Graças a Deus o nosso seminário tem estabilidade, nesta fase está um seminário dotado de uma equipa muito boa, não quer dizer que noutros tempos não fosse, mas agora esta equipa está estável, temos um bom programa formativo, não só na Universidade a componente teológica, mas depois o complemento de formação dentro do seminário. Temos sacerdotes que acolhem estes nossos alunos aos fins de semana, portanto, do primeiro ao quinto ano, e depois em estágios mais formais no sexto, e no tempo de estágio propriamente dito.”

CB/OC

 

Porto: Bispo ordena quatro sacerdotes e fala em tempo de grandes «possibilidades espirituais e humanas» (c/fotos)

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