Porto: Bispo convoca artistas da diocese

Discurso de Bento XVI sobre a arte, na Capela Sistina, em 2009, é ponto de partida para diálogo proposto por D. Manuel Clemente

Porto, 16 Fev (Ecclesia) – O responsável pelo relacionamento da Igreja Católica com o mundo da cultura e também bispo do Porto, D. Manuel Clemente, promove hoje um encontro com os artistas que nasceram ou residam na diocese.

“O ponto de partida para o diálogo que queremos promover, será a mensagem que Bento XVI dirigiu aos artistas, na Capela Sistina [Vaticano], no dia 21 de Novembro de 2009”, refere uma carta remetida a personalidades do meio artístico.

A missiva, enviada à Agência ECCLESIA pela diocese portuense, é assinada por Joaquim Azevedo, director do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura, entidade que organiza o encontro agendado para as 17h00, no Paço Episcopal.

A sessão, que termina com um Porto de Honra, decorre dois dias antes de a Igreja Católica evocar a memória de Fra Angélico, religioso italiano do século XV que se distinguiu pelas suas pinturas e que foi beatificado pelo Papa João Paulo II em 1982.

A carta é acompanhada pelo discurso que o Papa Bento XVI pronunciou aos artistas em Novembro de 2009, bem como por uma resenha sobre a história das relações entre a Igreja e a arte.

“Desde as primeiras manifestações da arte paleocristã até às catedrais góticas, as obras de arte surgiam naturalmente no seio da comunidade eclesial”, assinala o texto que resume o relacionamento entre os artistas e a Igreja.

Segundo esta síntese, as relações entre a Igreja hierárquica e os artistas “tornaram-se mais complexas quando estes assumiram uma autonomia que, progressivamente, vinha sendo reconhecida na sociedade, ao mesmo tempo que mais nitidamente se delimitavam os universos da arte sacra e da arte profana”.

A sinopse constata a existência de “dificuldades” no diálogo entre cultura e fé, além de “alguma animosidade com traços mais ideológicos do que teológicos ou estéticos”, mas realça que nas décadas após o Concílio do Vaticano II (1962-1965) “foi percorrido um caminho de reaproximação, sendo “justo reconhecer” que ele “não foi inconsequente”.

O texto salienta ainda que “existe a consciência de que a nova evangelização, no que se refere à arte, implica um esforço no acolhimento da novidade inerente à pluralidade de linguagens da arte contemporânea”.

RM

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