Pobreza: Presidente da Câmara de Lisboa promete «mais acolhimento» e «soluções de prevenção» para pessoas em situação de sem-abrigo

Carlos Moedas deu conta que vagas de acolhimento na cidade aumentaram de 700 para 1400, no âmbito das Jornadas «Motivar para a Mudança», organizadas pela Comunidade Vida e Paz

Lisboa, 17 out 2024 – O presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, disse hoje que o plano da autarquia para as pessoas em situação de sem-abrigo, para os próximos sete anos, vai ser investido em “mais acolhimento” e “soluções de prevenção”.

“O dinheiro destes 70 milhões durante estes sete anos vai ser investido para mais acolhimento, mas também mais soluções de prevenção para que as pessoas tenham aqui a capacidade de encontrar emprego, a capacidade de estarem acompanhadas”, afirmou o autarca, em declarações aos jornalistas, no âmbito das Jornadas organizadas pela Comunidade Vida e Paz, realizadas na Torre do Tombo, em Lisboa.

No dia de Internacional para a Erradicação da Pobreza, Carlos Moedas garantiu que as vagas de acolhimento para pessoas em situação de sem-abrigo na cidade de Lisboa aumentaram de 700 para 1.400 e que vão voltar a crescer para 2000.

O presidente da Câmara de Lisboa referiu ainda que o maior centro de acolhimento do país, no Beato, em Lisboa, está a ser requalificado e que 50% das vagas são para o município de Lisboa.

Na sessão de abertura das Jornadas da Comunidade Vida e Paz, o presidente da Câmara de Lisboa lembrou a situação dos migrantes que estavam a viver em tendas na Igreja dos Anjos e que foram retirados e hospedados em pensões e “hostels”.

“Foi muito importante atuar como tivemos que o fazer, ouvindo cada pessoa, encontrando uma solução para cada pessoa, essa solução foi encontrada, ela precisava de ser imediata e a solução do Quartel de Belém não era imediata”, disse aos jornalistas, confrontado com declarações do ministro da presidência que afirmou que a autarquia deixou de “ter interesse” em utilizar a infraestrutura para acolhimento de imigrantes.

Carlos Moedas deu conta que gostaria que o Quartel de Belém se tornasse “num centro intergeracional como foi prometido à população” antes de ser presidente da Câmara.

“Obviamente isso depende do Ministério da Defesa porque aquele ativo imobiliário, aquele prédio não é da Câmara Municipal, é do Ministério da Defesa, mas a Câmara do seu lado vai continuar a lutar para que esse edifício possa ser o centro intergeracional”, destacou.

O autarca assegurou as mais de 50 pessoas que estavam a viver na Igreja dos Anjos estão agora “numa situação que nunca tiveram”.

“Muitas [pessoas] me disseram que não tinham tido nunca teto, que vieram para Portugal desamparadas, não tinham documentos e muitas vezes eu, como presidente da Câmara, via-me na situação em que diziam que eu não as podia ajudar porque não tinham documentos”, referiu.

Questionado sobre até quando a Câmara de Lisboa vai suportar os custos do alojamento, Carlos Moedas respondeu que a ajuda se estende até serem encontradas soluções, que estão a ser trabalhadas diariamente.

Carlos Moedas salientou que à cidade de Lisboa estão a chegar pessoas não só de todo o país, mas de todo o mundo e que mais de 50% dos casos de pessoa em situação de sem-abrigo não são portugueses e que têm de ser tratados “com toda a dignidade”.

“Elas vêm desamparadas, muitas vezes não falam sequer a nossa língua e, portanto, é ainda mais complicado e mais complexo, mas nós estamos no terreno e vamos continuar com a ajuda de todos e aqui seguramente com a ajuda da Comunidade Vida e Paz e nesta entreajuda que temos entre a Câmara Municipal e a Comunidade”, indicou.

O autarca sublinhou a importância da prevenção e salientou que “o grande problema da situação de sem-abrigo é deixar as pessoas entrarem” nesta situação.

“Quando elas entram na situação de sem-abrigo, depois tudo se complica e quando estão muito tempo na situação de sem-abrigo ainda é muito mais complicado”, reconheceu.

Foto: Agência ECCLESIA/LJ

Na sessão de abertura das Jornadas “Motivar para a mudança”, o coordenador da Estratégia Nacional para a Integração das Pessoas em Situação de Sem-Abrigo, Henrique Joaquim, falou num “problema social complexo”.

“Se estamos a falar de pessoas em situação de sem-abrigo é porque não têm uma casa, não têm um teto ou não têm uma casa por meios próprios, mas trata-se de um problema com múltiplas causas, porque se fosse apenas uma casa provavelmente seria mais fácil de resolver”, afirmou, defendendo “uma abordagem centrada na pessoa”.

LJ/OC

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