Pessoas com deficiência: A Igreja precisa de dar «sinais credíveis e compreensíveis» para com os doentes

Apresentação do livro «Ouve-se um Grito – O mistério da pessoa é o encontro» foi ocasião para divulgar trabalho d’A Arca, de Jean Vanier

Fátima, 04 mai 2018 (Ecclesia) – O capelão do Santuário de Fátima padre José Nuno disse à Agência ECCLESIA que a Igreja precisa ouvir as situações dramáticas das pessoas com deficiência e dar “sinais credíveis e compreensíveis” de solicitude para com os doentes.

Durante a apresentação do livro «Ouve-se um Grito – O mistério da pessoa é o encontro», em Fátima, o sacerdote afirmou que é necessário “ouvir as inúmeras situações dramáticas de pessoas com deficiência, das famílias que sofrem tremendamente,  nomeadamente quando os pais envelhecem e veem o terror para que os filhos sobrevivam”.

Para o padre José Nuno, a Igreja necessita de dar sinais “compreensíveis, sinais de Evangelho, e os sinais de Evangelho passam por aqui”.

“Um quinto dos Evangelhos é a relação de Jesus com o doentes, se juntarmos os pobres está o Evangelho todo”, sublinha.

A obra, da autoria de Jean Vanier, fundador do movimento A Arca, foi apresentada, esta quinta-feira, em Fátima, durante a peregrinação da Comunidade L’Arche de Trosly, ao Santuário de Fátima.

O movimento A Arca está presente em 35 países e prevê o convívio eclesial entre pessoas com deficiência mental e voluntários, nomeadamente jovens, em residências familiares.

O padre José Nuno sublinha o quanto a solicitude para com as pessoas com doença mental é “particularmente profética”.

O responsável recorda o exemplo recente da Conferência Episcopal Francesa num encontro com o Presidente Macron.

“Nesta visita, onde o Presidente fez um discurso onde refundou a laicidade, a Igreja fez falar três pessoas: uma pessoa com deficiência que vive numa comunidade Arca, uma pessoa de um movimento similar com pessoas sem-abrigo e outro elemento das Conferências Vicentinas”.

“A Igreja, quando tem de marcar presença e mostrar quem é, põe a falar a caridade”, enaltece o sacerdote responsável pelo Departamento da Pastoral da Mensagem de Fátima.

Jean Vanier, fundador d’A Arca, passou por Fátima, dois anos antes da fundação do movimento, em 1964, e lembra que “foi em Fátima que Deus o preparou para o futuro, que seria a Arca”, recorda o padre José Nuno.

A jornalista Laurinda Alves, que apresentou a obra, publicada em Portugal pela Paulinas Editora, aponta a coerência e simplicidade de vida de Jean Vanier.

“Este livro revela claramente a pessoa que é Jean Vanier. Uma pessoa que aos 90 anos de vida é uma coerência, procura a simplicidade, a pequenez, o despojamento. É um homem que nos desperta a consciência e diz que talvez a maior opressão do ser humano é a deficiência e a doença mental”, refere a jornalista à Agência ECCLESIA.

Numa sociedade que “lida mal com a diferença”, Laurinda Alves aponta a “superação diária” que as pessoas com deficiência têm de atravessar.

“As pessoas com alguma limitação ou condicionadas, com deficiência, são heroicas, épicas, fazem mais e melhor do que nós que vivemos sem condicionantes”, sugere a jornalista que indica a importância de fazer de “cada relação uma missão”.

“Quando percebermos que cada relação é uma missão e isso nos obriga a sair de nós próprios, a não nos fecharmos ou centrarmos no umbigo, vamos ao encontro do outro; isso faz com que caminhemos com outro olhar e vamos com um coração mais capaz de ver e ouvir e passamos a olhar e a ouvir com os ouvidos e olhos do coração”.

PR/LS

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