… testemunhar, pelas “escolhas, preferências, juízos” a coerência com o Evangelho, “mesmo quando não se fala explicitamente dele”
Há um desafio fundamental na mensagem de Bento XVI para o 45º Dia Mundial das Comunicações Sociais: para ser comunicador do Evangelho nos meios gerados pelas ferramentas digitais, não basta divulgar mensagens; num mundo virtual, é preciso ser autêntico, assumir a autenticidade do catolicismo.
Talvez por isso, Bento XVI compara esta revolução, a que é gerada pelo desenvolvimento das tecnologias de consumo e das comunicações móveis, com a que aconteceu na revolução industrial.
Agora, como há mais de três séculos, uma nova sociedade emerge por causa de realidades que determinam o ser, estar, sentir, ouvir, cheirar ou o ver de cada pessoa. Individual e comunitariamente.
A antropologia, a sociologia, a psicologia e outras tantas ciências humanas reagem ao que de diferente acontece nos meandros da galáxia digital. Procuram as coordenadas para compreender tanto as pessoas que a habitam – as “nativas digitais” e as que passam por processos, mais ou menos morosos, de “conversão” – como as novidades introduzidas na organização de indivíduos ou grupos a partir das ferramentas que este novo “continente” oferece.
Entre todos os saberes, também o teológico e o pastoral procuram crescentes e constantes aproximações a essas “maravilhosas invenções da técnica”. Através de pronunciamentos oficiais, de mensagens dirigidas à Igreja Católica em todo o mundo, de congressos e iniciativas de análise profunda e sobretudo de muitos projetos em curso nos quatro cantos do mundo, os responsáveis eclesiais não desistem de anunciar pelos meios de comunicação, social ou pessoal, utilizados pelos públicos de cada contexto.
Ganham, neste âmbito, particular relevo as formas de comunicar a partir das tecnologias da comunicação em rede oferecidas pela internet. E Bento XVI desafia, neste Dia Mundial das Comunicações Sociais, a uma presença com qualidade nesses “novos media” comunicando o Evangelho. O que exige dois compromissos: difundir “conteúdos declaradamente religiosos” e sobretudo testemunhar, pelas “escolhas, preferências, juízos” a coerência com o Evangelho, “mesmo quando não se fala explicitamente dele”. Ou seja: assumir um perfil digital católico.
Paulo Rocha