Pastoral Social: Jornadas Nacionais apontam migrações como «grande» desafio

Encontro decorreu no Centro Pastoral Diocesano de Santarém, congregando secretariados diocesanos do setor social e da mobilidade humana e vários organismos de ação social

Santarém, 23 out 2024 (Ecclesia) – Os participantes das Jornadas Nacionais da Pastoral Social, que decorreram esta terça-feira, em Santarém, destacaram as migrações como um desafio central no setor.

O presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, Paulo Cruz, refere que este serviço apoia 3300 pessoas em diversas situações e tem conseguido dar resposta aos pedidos de ajuda, no entanto, com a questão das migrações, vários obstáculos se levantam.

“No que toca a esta questão de migração, que rapidamente passa a uma situação de sem-abrigo, aí é que realmente não temos capacidade para os tais cerca de 500 pessoas que estão em situação de sem-abrigo na Península de Setúbal, na nossa diocese”, afirma.

O responsável fala que os imigrantes não chegam “só das paróquias”, mas de “várias organizações” que batem à porta da Cáritas Diocesana de Setúbal.

“Na realidade nós temos 41 camas, portanto para 487 há uma grande diferença. Esse é, de facto, o nosso grande desafio nos tempos que se aproximam”, salienta.

Paulo Cruz dá conta que o serviço tem trabalhado “em rede” com paróquias, Santas Casas da Misericórdia, municípios, e a conclusão a que chegam é que é “preciso mais respostas”.

O responsável defende que é necessário tratar os casos das pessoas sem-abrigo individualmente.

“Se a pessoa é sem-abrigo e é um toxicodependente, devia haver uma instituição que tratasse a toxicodependência e estão todas sobrelotadas e poucas existem. Se a pessoa depende do álcool, devia haver uma instituição que tratasse dessa tipologia do álcool. Também não existem, portanto, se a pessoa tem problemas de psiquiatria, também não existem equipamentos que deem resposta a esta situação”, refere.

Paulo Cruz assinala que o serviço tem respondido a estes pedidos de ajuda, mas que não é por esse âmbito que passa o papel da Cáritas Diocesana de Setúbal.

“Não o deixamos de fazer, faremos sempre. Qualquer ser humano que venha a ter com a Cáritas diocesana de Setúbal terá o devido acompanhamento”, enfatiza.

Também o diácono permanente, da Diocese de Aveiro, José Carlos Costa, marcou presença nas Jornadas Nacionais da Pastoral Social, referindo à Agência Ecclesia, que a migração também se constitui um desafio naquele território.

“As escolas e mesmo na prisão, deparamo-nos com 20 e tal nacionalidades diferentes, o que traz desafios muito grandes em termos desta interculturalidade para nós agentes da Pastoral e não só, para as organizações de todas as estruturas”, ressaltou.

O também diretor do Departamento da Pastoral Penitenciária, do Secretariado Diocesano da Pastoral Socio-caritativa, salientou a pertinência do encontro para escutar as dioceses e perceber as realidades diferentes no interior e litoral.

A mesma opinião defende o presidente da Cáritas Diocesana de Setúbal, que disse que a importância das Jornadas Nacionais da Pastoral Social “é muito significativa”, porque há uma partilha das dificuldades das dioceses na ajuda aos seres humanos.

“Chega-se à conclusão que há muitos temas que são transversais a todo o território através da presença a nível nacional aqui nesta reunião, portanto considero de extrema importância e considero que deve-se manter este tipo de reuniões”, mencionou.

O centro pastoral diocesano de Santarém acolheu esta terça-feira o encontro os secretariados diocesanos do setor social e da mobilidade humana, a cáritas de cada diocese, assim como diferentes organismos que atuam na resposta aos problemas sociais da sociedade, nomeadamente a União das Misericórdias Portuguesas e a Confederação das Instituições Particulares de Solidariedade Social.

CB/LJ

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