Ecumenismo e diálogo inter-religioso, actuação das comunidades na sociedade cipriota e Ano Sacerdotal foram alguns dos aspectos mencionados por Bento XVI
No encontro com a comunidade católica de Chipre que se realizou na manhã deste Sábado, Bento XVI centrou o seu discurso no diálogo ecuménico e inter-religioso, no papel dos católicos na sociedade e no Ano Sacerdotal.
Referindo-se à localização da ilha, situada numa rota que liga culturas e religiões de África, Ásia e Europa, o Papa pediu aos fiéis que dêem prioridade à procura de “uma maior unidade na caridade com os outros cristãos” e ao “diálogo com aqueles que não são cristãos”.
“Na vossa particular situação, estais em condições de dar um contributo pessoal à realização de uma maior unidade cristã”, afirmou Bento XVI, referindo que ela é “uma parte essencial da vida e missão” da Igreja, especialmente a partir do Concílio Vaticano II (1962-65).
No que diz respeito ao aprofundamento dos laços com outras confissões religiosas, “há ainda muito a fazer”, sublinhou o Papa, acrescentando que “só através de um paciente trabalho de confiança recíproca pode ser possível superar o peso da história”.
Colocar o bem dos outros à frente dos interesses pessoais
A “ocasião histórica da primeira visita do Bispo de Roma a Chipre” pretende também “confirmar” em Cristo a fé da comunidade católica, encorajando-a a ser fiel à regra da fé dos apóstolos, primeiros anunciadores da mensagem evangélica.
“Como sucessor de Pedro, estou hoje entre vós para vos oferecer a certeza do meu apoio, da minha oração afectuosa e do meu encorajamento”, disse Bento XVI aos presentes na Escola de São Maron, em Nicósia, capital do país.
Ao evocar uma passagem da Bíblia que narra o encontro de um dos apóstolos com alguns gregos, que lhe pediram para ver Jesus, o Papa sublinhou que esse texto “toca profundamente cada um de nós”.
“Como os homens e mulheres do Evangelho, queremos ver Jesus, conhecê-lo, amá-lo e servi-lo com um só coração e uma só alma”, afirmou Bento XVI, acrescentando que a Igreja anuncia Deus “não apenas para seu próprio benefício, mas para o bem de toda a humanidade”.
No seguimento destas palavras, o Papa chamou a atenção para o papel dos católicos na sociedade: “Também vós, seguidores contemporâneos de Cristo”, sois chamados a viver a vossa fé no mundo, unindo a vossa voz e acção na promoção dos valores do Evangelho”.
“Estes valores – prosseguiu Bento XVI – profundamente radicados na vossa cultura, assim como no património da Igreja universal, deverão continuar a inspirar os vossos esforços de promover a paz, a justiça e o respeito pela vida humana e a dignidade dos vossos concidadãos”.
Bento XVI pediu aos jovens para serem “fortes” na fé, “alegres” no serviço a Deus e “generosos” na oferta das suas aptidões, colocando o bem dos outros à frente deles próprios.
Igreja precisa de padres bem preparados
A poucos dias da conclusão do Ano Sacerdotal, marcada para 11 de Junho, Bento XVI considera que ele ofereceu à Igreja “uma consciência renovada da necessidade de sacerdotes bons, santos e bem preparados”.
Depois de solicitar aos fiéis para rezarem pelo surgimento e promoção de vocações ao sacerdócio e à vida religiosa, o Papa apelou aos pais para se lembrarem da promessa de vida eterna que Cristo fez a todos os que imitassem a sua vida e pediu aos filhos para responderem “generosamente” ao chamamento de Deus.
Aproveitando o facto de o encontro decorrer numa escola católica, o Papa deixou uma palavra a todos os funcionários, em especial aos professores: “O vosso trabalho faz parte de uma longa e estimada tradição da Igreja católica de Chipre. Continuai pacientemente a servir o bem de toda a comunidade, esforçando-vos por uma educação excelente”.
Bento XVI saudou o arcebispo maronita de Chipre, D. Joseph Soueif, que proferiu as primeiras palavras do encontro, cumprimentou o patriarca de Jerusalém, D. Foual Twad, e agradeceu o “paciente trabalho” da Custódia da Terra Santa, confiada aos Franciscanos, representados na cerimónia pelo Pe. Pierbattista Pizzaballa.
Pelas 17h30 (menos duas horas em Portugal continental), o Papa preside na igreja da Santa Cruz, em Nicósia, à missa com o clero, religiosos e representantes de entidades católicas.
Foto: Bento XVI saúda os fiéis na Escola de São Maron, em Nicósia (5.6.2010)