Papa: «Com a guerra perdemos tudo»

Francisco celebrou Missa de fiéis defuntos no cemitério de Neptuno em Roma, onde jazem milhares de soldados norte-americanos mortos na II Guerra Mundial

Roma, 02 nov 2017 (Ecclesia) – O Papa assinalou hoje a comemoração dos fiéis defuntos com uma Missa no Cemitério Americano de Neptuno, em Roma, local onde estão sepultados os soldados norte-americanos que caíram na campanha de Itália, na II Guerra Mundial.

Na sua homilia, Francisco deixou um forte apelo ao fim da guerra no mundo, a dizer “não mais” ao “massacre inútil” de vidas humanas, que custou a vida a tantos seres humanos, jovens, “milhares e milhares e milhares” de pessoas.

“Hoje quando o mundo está outra vez em guerra e se prepara para um conflito ainda mais forte. Não mais, Senhor, não mais! Com a guerra perdemos tudo”, frisou.

Para o Papa, se a celebração dos fiéis defuntos representa “um dia de esperança”, pelos cristãos acreditarem que os seus entes queridos estão junto de Deus, é também uma “jornada de lágrimas”.

Lágrimas por todos aqueles que no mundo sofrem com os conflitos, “que a humanidade não deve esquecer”, mas que parece “tardar em aprender a lição”.

“Quantas vezes na História os homens recorreram à guerra convencidos de que ela os ajudaria a trazer um mundo novo, uma primavera; e tudo acabou em inverno, feio, cruel, num reino do terror e morte”, questionou Francisco.

O Papa pediu às comunidades cristãs para rezarem “por todos os mortos”, sobretudo pelos jovens que – como os que acabaram no cemitério de Neptuno – tombam todos os dias em batalha, numa guerra amarga”.

“Rezemos pelos mortos de hoje, vítimas da guerra, também as crianças inocentes. É este o fruto da guerra: a morte. Que o Senhor nos conceda a graça de chorar”, exortou.

Antes da Eucaristia, o Papa deixou ramos de flores em várias das campas dos soldados americanos que tombaram durante a campanha de Itália da II Grande Guerra, entre 1943 e 1945.

Ainda esta tarde, Francisco visitou – tal como fez Bento XVI em 2011 –  as Fossas Ardeatinas, em Roma, voltando a colocar flores no local.

O gesto evoca as vítimas do massacre levado a cabo pelas forças nazis em 1944, quando 335 civis e militares italianos, vários deles judeus, foram fuzilados pelas forças alemãs em represália a um atentado que matou 33 soldados germânicos.

Juntamente com o rabino-chefe de Roma, Riccardo Di Segni, e após um momento de oração em hebraico, o Papa rezou ao “Deus de Jesus”, ao Deus de Abraão, de Isaac e de Jacob”, Deus que se compadece com “qualquer povo que sofre a miséria”.

“Deus dos rostos e dos nomes das 335 pessoas abatidas aqui, a 24 de março de 1944, cujos restos mortais repousam aqui”, disse.

Francisco recordou os “nomes e rostos” de cada um dos que ali foram mortos, 12 dos quais permanecem por identificar.

“Para Ti [Deus], ninguém é um desconhecido”, acrescentou.

A intervenção concluiu-se com uma mensagem contra “o egoísmo e a indiferença”.

De regresso ao Vaticano, o Papa reza nas grutas da Basílica de São Pedro, em sufrágio pelos pontífices ali sepultados e por todos os defuntos.

JCP/OC
Notícia atualizada às 16h45

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