Oceanos: Igreja «também é perita na criação» – Pedro Duarte Silva (c/vídeo)

Organizações católicas promovem diálogo participativo dedicado à Oceânia

Lisboa, 28 jun 2022 (Ecclesia) – Pedro Duarte Silva, do Movimento internacional ‘Laudato Si’, afirmou que a Igreja, que se assume como perita em humanidade, é também “perita na criação”, sublinhando a importância de estar presente em iniciativas como a Conferência dos Oceanos, a decorrer em Lisboa.

“O cuidado da criação é um dever associado à gratidão da criação que um cristão tem. Esta proteção dos oceanos é fundamental. A Igreja é perita na humanidade mas também é perita na criação e tem de estar presente nestes fóruns”, referiu à Agência ECCLESIA.

O entrevistado abordou o diálogo participativo dedicado à Oceânia, que se realiza esta tarde à margem da conferência da ONU, para apresentar o testemunho de quem trabalha para salvar oceanos e comunidades.

“Trazemos o testemunho de comunidades na Oceânia que estão a sofrer muito na pele estes problemas porque vivem muito em comunhão com o oceano. A subida do nível médio das águas, com o aquecimento global, está a afetar as comunidades, as aldeias, etc.”, precisou.

O diálogo participativo ‘Oceania Talanoa: Faith, Indigenous, and Nature’s Moana Shaping and Safeguarding Innovations of the Sea’, entre as 18h30 e as 20h30, realiza-se no Colégio Pedro Arrupe (Parque das Nações), em Lisboa.

“O testemunho do que se passou e do que se passa no trabalho que a Igreja Católica e determinadas comunidades católicas, em colaboração com as comunidades indígenas, estão a fazer para salvaguardar os oceanos”, realçou Pedro Duarte Silva, em entrevista que é emitida esta terça-feira no pograma ECCLESIA (RTP2).

O membro do Movimento internacional ‘Laudato Si’ convida os delegados da segunda ‘Conferência dos Oceanos’ e os portugueses a ouvir “testemunhos de diversas pessoas que trabalham no mar, na Oceânia”.

“Vêm trazer o seu testemunho para que também não estejamos distanciados dos problemas”, acrescentou, observando que, às vezes, a vida e a cultura de curto prazo leva “ao distanciamento destes problemas que são estruturais que depois se instalam e são complicados”.

Lisboa acolhe, deste segunda-feira, a II ‘Conferência dos Oceanos’, da Organização das Nações Unidas (ONU), copresidida por Portugal e pelo Quénia, que decorre até sábado.

Este encontro tem como tema ‘Intensificar a ação nos oceanos tendo por base a ciência e inovação, para a implementação do Objetivo de Desenvolvimento Sustentável 14: balanço, parcerias e soluções’, e lema ‘Salvar os Oceanos, Proteger o Futuro’.

Pedro Duarte Silva destacou que o lema é “um olhar para a sustentabilidade, não é fechar os oceanos”, porque é preciso saber gerir os oceanos, “beneficiar” do que propiciam mas de forma sustentada, “que salvaguarde a integridade dos oceanos e também sirva a comunidade humana”.

O entrevistado recordou que para além da iniciativa desta tarde, organizaram uma Missa no domingo, onde rezaram pelos oceanos enquanto comunidade de fé, e vão participar na 2ª Conferência dos Oceanos sobretudo “no contacto com as várias delegações e instituições”.

“Esta cultura do encontro que o Papa Francisco fala é necessária: ir ao encontro da ciência, do mundo político e do mundo não-governamental. Com a encíclica ‘Laudato Si’ na cabeça e no coração”, acrescentou.

A Conferência dos Oceanos das Nações Unidas é aberta à participação intergovernamental e das agências especializadas da ONU mas também à sociedade civil, à academia, e, segundo Pedro Duarte Silva, é neste âmbito que existe uma participação da Igreja Católica e de vários grupos que “têm trabalhado muito na linha ‘Laudato Si’, sobretudo deste 2015”.

PR/CB/OC

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