Missão País: «É preciso os jovens ajudarem a construir a Igreja, a Igreja é de todos e não só dos cardeais e dos Papas» – Miguel Guimarães (c/fotos)

Instituto Superior Técnico realiza terceiro e último ano de missão, em Vila Nova de Santo André

Vila Nova de Santo André, 09 fev 2024 (Ecclesia) – A localidade de Vila Nova de Santo André, em Santiago do Cacém, despede-se em 2024 da ‘Missão País’, que este ano leva até ao local 60 jovens, do Instituto Superior Técnico da Universidade de Lisboa, com a vontade de missionar e de levar Cristo aos outros.

Ao longo de três anos, na pausa dos estudantes entre semestres, a vila recebeu o projeto católico de universitários que, segundo o chefe geral desta missão, é uma forma de os jovens ajudarem a “construir a Igreja”.

“Nós aqui na missão existe muito a mentalidade de é preciso uma renovação, é preciso os jovens ajudarem a construir a Igreja, que a Igreja é de todos e não é só dos cardeais e dos Papas como existe esta ideia no imaginário das pessoas. A Igreja é de todos, é do jovens, e os jovens também ajudam a construir a Igreja. E, por isso, projetos como este, como a ‘Missão País’, são muito bons para isso”, afirmou Miguel Guimarães, em entrevista à Agência ECCLESIA.

O jovem, de 20 anos, é estudante de engenharia física e é a segunda vez que participa na ‘Missão País’, depois de no ano passado ter decidido “por curiosidade” participar na experiência de voluntariado, influenciado pelo irmão e amigos mais velhos.

Ao longo de uma semana, até ao próximo dia domingo, os missionários dividem-se em pequenos grupos pela Vila de Santo André animando a escola, a creche, o lar de idosos, construindo uma peça de teatro, levando alegria ‘porta a porta’ ou até ajudando em trabalhos como a requalificação de um Skatepark.

Em cada missão, cada grupo é acompanhado por um sacerdote, e em Santo André não é diferente, sendo este um projeto que não é, de todo, desconhecido para o padre Pedro Brás, do Instituto Secular dos Padres de Schoenstatt.

“Eu já tinha feito a ‘Missão País’ como universitário, então é muito interessante em primeiro lugar fazer a experiência agora como padre. Ver a diferença de estar de um lado e outro”, começou por dizer o sacerdote, que recebeu o convite para acompanhar a missão poucos meses depois de ser ordenado, em 2021.

Para o padre Pedro Brás, “é muito comovedor ver a bondade que há nos corações de tantos jovens”, revelando que a relação que tem com os universitários vai “sendo cada vez mais próxima” com o decorrer da semana, e que estes têm a oportunidade de verem esclarecidas dúvidas, saindo da experiência mais “reconfortados”.

Questionado sobre se os jovens da ‘Missão País’ contrariam a ideia de que a Igreja é só para os mais velhos e está desatualizada, o sacerdote responde que o facto de haver quatro mil jovens a realizar a experiência missionária ao longo do país, “é a prova de que a Igreja está viva e quer continuar a estar viva”.

Ao contrário de Miguel Guimarães e do padre Pedro Brás, para quem a “Missão País” é familiar, Constança Paixão, de 19 anos, parte pela primeira vez, em conjunto com outros jovens, para missionar numa vila de Portugal.

“Eu, honestamente, a coisa que estava mais entusiasmada de ir para a faculdade era mesmo fazer missão”, confidenciou a jovem, do 1.ºano da licenciatura de Engenharia de Minas, que teve conhecimento do projeto através de amigos.

Constança faz parte da comunidade do teatro, que apresenta no final da missão a peça à localidade; o guião, baseado no Evangelho deste ano que remete para a pesca milagrosa, é igual para todas as missões, que podem dar o cunho pessoal à história.

“Quando eu soube que havia uma comunidade do teatro, de início estava um bocado reticente, porque sentia que não estava a conviver diretamente com as pessoas, mas tem sido uma experiência fenomenal e sinto que vai ser tão bom, porque é no final da semana, estamos todos cansados, a comunidade está tão feliz por estarmos cá, que vai ser ótimo também para conhecerem o resumo daquilo que nos traz cá”, referiu.

Cada missão permanece três anos no mesmo local e 2024 é o último passo deste percurso, em Vila Nova de Santo André.

“Vou ter muitas saudades de vir aqui, estou a gostar imenso e sinto que estamos a ser muito bem recebidos e vai deixar saudade, mas eu hei de voltar”, garante Miguel Guimarães.

Sobre o contacto com o grupo após o final da missão, o padre Pedro Brás revela que “há sempre uma coisa muito bonita no pós-missão que é o combinar os encontros não só de convívio”.

“Há sempre: ‘Vamos à Missa e depois vamos jantar’, ‘vamos a uma noite de adoração e depois vamos jantar’. Há sempre algo que acompanha que é um bocadinho o que acontece aqui”, salientou o padre, que conta que já tem três grupos de WhatsApp com os elementos de cada grupo de missão, desde o primeiro ano em Santo André.

“Espero manter o contacto”, deseja.

Os futuros engenheiros despedem-se no domingo da população de Vila Nova de Santo André, depois de uma semana de voluntariado, oração e partilha.

A ‘Missão País’ 2024 tem como lema “Lança as redes e encontrarás” e abrange 69 missões em 57 faculdades diferentes.

LJ/OC

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