Migrações: Natal nas comunidades portuguesas marcado pela saudade e vivência de tradições (c/vídeo)

Eugénia Costa Quaresma e padre Rui Pedro testemunham os sentimentos dos emigrantes na quadra natalícia

Lisboa, 22 dez 2021 (Ecclesia) – O padre Rui Pedro, da Comunidade Portuguesa do Luxemburgo, e Eugénia Costa Quaresma, diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM), falam de um Natal marcado pela saudade e pela vivência de tradições de quem não vai viajar para Portugal.

“Nas famílias mantêm-se a tradições de Portugal, até da aldeia, as tradições gastronómicas, com o enriquecimento das tradições locais”, disse hoje o sacerdote no Programa ECCLESIA, transmitido na RTP2.

O padre Rui Pedro explica que existem “tradições muito importantes” que os emigrantes também acolhem, como o calendário do Advento e a celebração de São Nicolau, bispo do século IV, que está representado com a mitra e o báculo, a 6 de dezembro, que é uma “grande festa” e as crianças portuguesas têm a vantagem de receber prendas neste dia para além do Natal.

O sacerdote português, responsável por uma paróquia luxemburguesa, recorda que, por causa da pandemia Covid-19, o Natal em 2020 “foi mais restrito” mas habitualmente celebram a ‘Missa do Galo’ e as Missas no dia 25 de dezembro, “com a comunidade, o grupo coral, alguns cânticos tradicionais”, e o ‘beijo do menino’, que está proibido e o ano passado foi substituído por “uma vénia”.

“Um gesto que recorda o país que deixaram e tentamos dar valor a isso”, acrescentou o missionário que acompanha a Comunidade Católica de Língua Portuguesa Luxemburgo Sul.

A diretora da Obra Católica Portuguesa de Migrações (OCPM) salienta que o Natal “tem sempre esta marca da família, marca do encontro”, que foi “fortemente penalizado” por causa da pandemia.

“Há famílias que tiveram momentos de perda e o Natal será sem dúvida diferente. Quem pode vir a Portugal, realizando os testes, poderá estar com a família mas também sabemos de pessoas que não podem, pelas restrições que são tão acentuadas, optam por não vir e será mais um Natal com saudade”, desenvolveu Eugénia Costa Quaresma.

Segundo a responsável pela OCPM, os sentimentos de saudade que podem ser difíceis de ultrapassar nesta quadra fica reforçado “o passar pela igreja, pela Eucaristia”, que se torna mais importante e “a Igreja tem esta preocupação de ser a família dos que estão sem família”.

“É uma altura particularmente importante para estar presente”, realça.

O padre Rui Pedro, missionário scalabriniano que está no Grão-ducado há vários anos, refere que esta é das alturas do ano “mais sentida pelas pessoas” a nível familiar, e a Igreja tenta “dar valor a isso”, bem como às tradições, também para que “não se perca o espírito cristão do Natal”.

Neste contexto, recorda que em 2020 convidaram as pessoas a partilhar uma fotografia do seu presépio na rede social Facebook, para tentarem que nas casas tivessem a representação da natividade, que “é uma catequese” para as crianças”.

O sacerdote destaca também a solidariedade e disponibilidade dos portugueses no acolhimento aos refugiados quando têm “apelos da Cáritas e de outros grupos” e oferecem-se como voluntários, incentivam os emigrantes lusos, “que estão estabilizados na sua vida”, a não esquecer quem está pior e “abrir a comunidade para a fraternidade de que fala o Papa”.

PR/CB

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