Mensagem de Natal do bispo de Coimbra, D. Virgílio do Nascimento

Mensagem de Natal do bispo de Coimbra

 

1. Natal de fé

A razão de ser da festa do Natal encontra-se na Pessoa de Jesus Cristo, Filho de Deus, incarnado no seio de Maria e nascido em Belém.

Enquanto cristãos, aprofundamos a consciência da fé que nos anima e procuramos dar sinais ao mundo de que ela nos fortalece em todos os momentos da vida, de sofrimento ou de consolação.

O presépio que fazemos nas nossas casas, nas igrejas e nos lugares públicos, não é somente o resultado de uma tradição cultural ou religiosa mas, na sua singeleza, é um sinal da fé na vinda ao mundo do Salvador.

Mais importante do que as tradições ligadas a esta quadra, e elas são muito ricas e expressivas entre nós, os cristãos hão de privilegiar as atitudes de fé, que transformam a vida pessoal, familiar e social.

 

2. Natal de esperança

O natal de Jesus Cristo e o nosso natal é fonte da esperança mais autêntica, que não se baseia em realidades efémeras, mas em Deus, princípio de todas as coisas, e no Homem, criado para um futuro novo de glória.

As situações difíceis abundam e muitos homens e mulheres, nossos irmãos, são vítimas da ausência de razões para a esperança. A falta de condições materiais de vida afetam muitas famílias, que não podem ver um futuro sorridente e promissor para as crianças e os jovens. Os dramas humanos e espirituais sucedem-se e deixam prostradas muitas pessoas, que não têm as necessárias forças interiores para se levantarem e reanimarem.

A todos estes que, afinal, somos de algum modo, todos nós, o Natal convida a levantar a cabeça, e a contemplar o Emanuel, o Deus connosco, fonte de toda a esperança.

 

3. Natal de caridade

O nascimento de Jesus Cristo, juntamente com a Sua paixão e morte na cruz, constituem a grande revelação do amor de Deus para com a Humanidade. No modo de amar de Deus ganha nova luz todo o amor humano, a generosidade, a partilha. Em Jesus Cristo aprendemos os contornos da fraternidade mais radical, de quem dá o que tem e se dá a Si mesmo em favor dos irmãos.

Nos tempos difíceis em que vivemos, tem novas expressões a caridade de que o Natal é sempre mensageiro. A pobreza de muitas pessoas exige soluções que passam pelas mudanças estruturais da sociedade e pelo auxílio caritativo.

Que neste Natal, aprofundemos o sentido humano e cristão da fraternidade; procuremos mudar a nossa mentalidade egoísta; ensinemos às crianças e jovens a alegria de partilhar; abramo-nos a muitas iniciativas e campanhas de auxílio aos pobres.

Se nunca é lícito esbanjar, em tempos de fome e de pobreza à nossa porta, torna-se um ato ainda mais desumano. Haverá, por isso, um lugar privilegiado para a caridade pessoal e material, fruto de uma maior sobriedade nas festividades natalícias.

Um santo e feliz Natal!

 

Coimbra, 12 de dezembro de 2011

D. Virgílio do Nascimento Antunes, Bispo de Coimbra

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