Media: Igreja tem de combater «diálogo de surdos»

Vaticanista da Argentina deixou alertas durante Jornadas Práticas sobre Comunicação Digital, em Fátima

Fátima, Santarém, 01 abr 2016 (Ecclesia) – O vaticanista Andrés Beltramo afirmou hoje em Fátima que a Igreja e os meios de comunicação social têm de combater o “diálogo de surdos” dos últimos 50 anos.

Para o especialista, a Igreja e os media enfrentam o desafio de fazer com que o distanciamento “seja mais pequeno” e respeitar o “realismo” e a identidade de cada uma das partes, procurando “encontrar-se antes da rutura”

“Há uma incapacidade essencial de alinhar no mesmo sentido a Igreja e os meios de comunicação social. Isso não é culpa nem da Igreja nem dos media, mas o resultado da realidade”, afirmou o jornalista.

Para o também vaticanista da ‘Notimex’, agência de notícias do Estado mexicano, é necessário “fazer alinhar os interesses da Igreja com os interesses da próxima hora ou dos próximos minutos que têm os meios de comunicação”.

Andrés Beltramo sublinhou a oportunidade da Igreja e media se encontrarem “antes da rutura”, porque é essa possibilidade que “gera dinamismo mediático e audiência”.

O jornalista, colaborador do portal ‘Vatican Insider’, indicou também que é necessário ultrapassar os “mitos da Igreja” sobre os media, nomeadamente de que os jornalistas “são inimigos da Igreja” ou as crises “são invenção da imprensa”.

“Se a Igreja é criticada nos media é porque tem relevância social. E não o contrário: não perde relevância social por ser criticada", sublinhou.

“No delírio da perseguição perde-se a mensagem positiva”, considerou ainda Andrés Beltramo.

Para o vaticanista, é impossível pretender que se “fale sempre bem” da Igreja ou dos seus líderes e quem é figura pública e tem por missão “denunciar problemas sociais” vai gerar impacto, positivo ou negativo, nos media.

Nesse sentido, recordou também o realismo do exercício da profissão do jornalismo, na atualidade, nomeadamente a precariedade, a falta de tempo que gera “falta de preparação”.

“Os jornalistas são seres humanos. Tratem-nos como tal”, advertiu o jornalista da ‘Notimex’.

O jornalista do ‘Vatican Insider’, a Igreja tem de transmitir “mensagens claras”, “estudar os métodos de comunicação” e “respeitar o profissionalismo dos jornalistas” sem querer “”impor uma forma de fazer jornalismo desde a sua torre de marfim”

“Gosto que haja sacerdotes que transmitem a sua experiência também através da imprensa. Mas do seu lugar. É necessário respeitar a profissionalismo dos outros, não querendo substitutir os jornalistas”, afirmou.

Andrés Beltramo Álvarez sustentou que “com os media não se pode aplicar a lógica do pastor”.

“Com a imprensa, vamos à frente ou atrás. Ou se guia a imprensa ou segue-se atrás da imprensa”, concluiu.

A intervenção decorreu durante as segundas Jornadas Práticas sobre Comunicação Digital, no âmbito do lançamento internacional do projeto ‘Click To Pray’, numa iniciativa do Apostolado da Oração (AO), obra confiada à Companhia de Jesus.

As jornadas estão ser transmitidas em direto na internet pela ECCLESIA.

PR/OC

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