Madeira: «Não podemos deixar que a Ilha nos limite» – D. Nuno Brás

Bispo do Funchal convidou madeirenses a ousar construir o mundo que Deus propõe

Funchal, Madeira, 03 jan 2024 (Ecclesia) – O bispo do Funchal presidiu à Missa, na Sé da diocese, no primeiro dia do ano, Dia Mundial da Paz e Solenidade de Santa Maria, Mãe de Deus, desafiando os madeirenses a contrariarem a ideia de que são “demasiado pequenos” para contarem como protagonistas na construção de um “mundo novo”.

Não creio que nos possamos limitar a encolher os ombros. Devemos ousar ir mais longe. Porque somos, também nós, parte deste nosso mundo. E, por isso, somos convidados por Deus a ser seus construtores – construtores decididos dum mundo novo. Não podemos deixar que a Ilha nos limite”, afirmou D. Nuno Brás, na homilia da Eucaristia, informa o ‘Jornal da Madeira’.

Segundo o bispo do Funchal, “é possível dar um rosto mais autenticamente cristão” à ilha e ao mundo e Deus confia em todos “a tarefa de lhe oferecer esse rosto”.

E queremos construir este mundo novo aqui, como madeirenses. Com o nosso povo, com a sua identidade, com as suas tradições e com a sua realidade. Mas queremos aceitar o desafio que Deus propõe, a cada um e a todos, de um mundo mais humano, mais pacífico, e mais divino, por entre toda a inovação tecnológica, transformando as vizinhanças em proximidades e em fraternidade — um mundo que, por isso, sempre faz apelo a Deus e ao seu amor paternal”, incentivou.

D. Nuno Brás salienta que esta é a missão que Deus conferiu a todos os cristãos desde a primeira metade do século XXI: oferecer um rosto humano e divino ao mundo que já fervilha por entre o modo de viver, também na Madeira.

Na homilia, o bispo do Funchal fez referência ao império romano, no seio do qual Jesus nasceu, e que se considerava a si mesmo o melhor dos mundos, mas que acabou por cair, “vítima, sobretudo, da podridão em que vivia e que minava as suas instituições”.

Partindo deste mergulho na história, D. Nuno Brás abordou o estado atual do mundo ocidental que “está a ser posto em causa nos seus valores, na sua ordem, na sua cultura” e “está, também ele, a implodir, incapaz de se renovar, retomando, muitas vezes, os tiques do final do Império”.

“Não somos ainda capazes de determinar as características desse mundo novo que se encontra às nossas portas”, sustenta.

Mas basta tomar consciência da chamada ‘Inteligência artificial’, e de como ela se mostra capaz de modificar o nosso modo de viver: não apenas nos torna vizinhos uns dos outros (sem nos tornar irmãos), como encontra soluções que nem sequer conseguiríamos imaginar, mais eficazes e mesmo mais adaptadas ao que vivemos e necessitamos; ou, ainda, como ela relativiza fronteiras, colocando em causa a soberania dos Estados e o direito internacional. E como, ao mesmo tempo, se apresta a condicionar o nosso pensamento, os gostos, os objetivos de cada um e de toda a sociedade”.

No entanto, D. Nuno Brás realça que a grande questão que é colocada não é se esta época virá ou não.

“A grande questão versa antes sobre se seremos ou não capazes de dar alma cristã a esse mundo novo que nos bate à porta”, destaca.

LJ/PR

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