Liturgia: Novo Missal Romano em português permite «celebrações mais ricas e variadas»

Cónego João Peixoto fala em mudanças que terão de decorrer da «preparação do celebrante» para tornar adequadas as formulações às comunidades

Foto Agência ECCLESIA/PR, Cónego João Peixoto

Ermesinde, 13 abr 2022 (Ecclesia) – O cónego João Peixoto, diretor do Secretariado de Liturgia do Porto, afirmou que o novo Missal Romano, que vai entrar em vigor esta Quinta-feira Santa, convida os “fiéis” a viver as celebrações de forma “mais rica e variada”.

“Os fiéis não precisam de livro nenhum nas mãos, mas de interagir, de forma consciente, frutuosa com os ministros, dialogando, respondendo, cantando, aclamando. Os fiéis não precisam de livro para participar, porque a celebração é feita nas nossas línguas. Este missal é um instrumento que vai no sentido de sair da rotina nas celebrações. Basta pensar nas alternativas, em vários momentos da celebração, facilitando que os fiéis vivam de forma mais variada e rica a celebração”, explicou o pároco de Ermesinde à Agência ECCLESIA.

O responsável sublinhava que a novidade decorre de uma vivência interior: “Será nova (a celebração) se a vivermos como novidade nossa. É o desafio”.

“Os fiéis não advertirão grandes mudanças porque a edição que tínhamos do missal era muito digna. Esta ganha desde a encadernação, ao conjunto. Na parte dos fiéis, o missal não está pensado para os fiéis o terem na mão mas são tidos em conta, nos diálogos, nas acalmações, nas rubricas, mas essa é uma regra que vem do II Concílio do Vaticano e dos documentos de São Paulo VI. Os fiéis são sujeitos celebrantes, sob a presidência do presbítero, mas não é um livro para estar nas mãos dos fiéis, como se compreende”, indica.

A nova edição do novo Missal Romano em português entra em vigor esta Quinta-feira santa propondo algumas alterações que o padre João Peixoto indica, “o tornam mais deste tempo”.

“Há missas novas na vigília da Epifania, da Ascensão, no tempo da Quaresma. Todos os dias estão enriquecidos com uma oração sobre o povo, que é a forma tradicional e antiga da bênção em Roma. No santoral houve uma atualização do calendário com novas celebrações, cerca de 30, e memórias, com uma pequena introdução de carater biográfico, uma nota sobre a vida e espiritualidade do santo de cada dia. Trata-se e um enriquecimento pastoral”, refere.

Mas o responsável adverte que a celebração será sempre objeto de preparação, enriquecida com o missal: “Este missal supõe, da parte de quem o usa, o cuidado de preparar a celebração. Há que ver as alternativas e qual a mais adequada em função das necessidades espirituais do povo de Deus”.

“Ser celebrante não exige aptidões especiais, mas exige presença, incorporação, autenticidade, de forma que as palavras que dizemos tenham uma expressão plena e autêntica. O segredo da arte de celebrar é a verdade. Os padres tornam-se rotineiros, independentemente da nossa vontade, porque andamos a correr entre celebrações e igrejas, e já vamos na quarta (celebração) e é difícil ser criativo no dizer, dizer o mesmo que é sempre novo”, lamenta.

O novo missal, ‘coleção’ de livros que inclui, além do Antifonário, o Sacramentário, o Ordinário da Missa e os Lecionários, que na edição em língua portuguesa são oito livros, não será um objeto para “ter na estante, consultar e estudar”.

“É o livro da oração da Igreja, que testemunha a sua oração com uma tradição iconográfica. As ilustrações do missal são já do terceiro milénio, do pintor Avelino Leite e penso que são uma expressão de uma oração”, valoriza.

O cónego João Peixoto sublinha ainda “um aspeto significativo” que é dado à música.

“Não que haja mais música do que no anterior – mas a grande diferença é que a música está no lugar, com as pautas inseridas ao lado do texto que é recitado, referindo que cantar não é uma exceção para dias especiais, mas é uma proposta normal, na liturgia da Igreja, que pressupõe o canto dos ministros e da assembleia”, indica.

A entrada em vigor acontece numa data “significativa” e “simbólica”, reconhece o cónego João Peixoto.

“A Conferência Episcopal Portuguesa, ao decidir que entraria em vigor nesta data, por ventura não imaginariam que o trabalho de acabamento deste livro, que tem muito trabalho manual, não permitiria que as todas paróquias o tivessem disponível na Páscoa. Mas fica a data simbólica”.

As alterações e o processo de elaboração da terceira edição do Missal Romano em língua portuguesa são o tema do programa Ecclesia emitido esta quinta-feira da Semana Santa na RTP2, pelas 15h00, no dia em que entra oficialmente em vigor.

PR/LS

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