Lisboa: D. Nuno Isidro quer ser um bispo «provocador» próximo dos padres e das comunidades

D. Nuno Isidro vai continuar como vigário-geral do Patriarcado e acompanhará as cinco vigararias da zona oeste

Lisboa, 20 jul 2024 (Ecclesia) – D. Nuno Isidro, nomeado bispo auxiliar de Lisboa, disse à Agência ECCLESIA que a figura do “Papa Francisco diretor espiritual e provocador” é uma inspiração para a sua vida e para o serviço que assume com a ordenação episcopal.

“O Papa é um diretor espiritual. O Papa é um provocador. Ele traz este sinal de ser um provocador para (que) cada um de nós (possa) fazer uma síntese da sua vida e história, possa reconhecer o que é capaz de contribuir na construção da Igreja. Ser aquele que chama, procurar que cada pessoa se descubra a si própria, que faça a experiência de encontro com Jesus e como isso o desafia a entregar a vida à comunidade”, explicou o bispo eleito, que será ordenado este domingo, numa celebração no Mosteiro dos Jerónimos.

O Papa Francisco nomeou, no dia 14 de junho, como bispos auxiliares de Lisboa, D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma, membros do clero do Patriarcado, e passam a integrar a equipa episcopal de Lisboa com o patriarca, D. Rui Valério, e D. Joaquim Mendes, bispo auxiliar.

Com 59 anos, D. Nuno Isidro Nunes Cordeiro, é vigário-geral do Patriarcado de Lisboa, desde 2011, além de membro nato do Conselho Presbiteral, e diretor espiritual do Seminário dos Olivais desde 2017, acumulando uma experiência de 26 anos a acompanhar seminaristas quer no Seminário de Penafirme como em Caparide.

“O trabalho de acompanhamento e direção espiritual tem-me feito crescer muito. O acompanhamento destes jovens, em ordem ao discernimento vocacional, é um serviço indispensável da vida da Igreja que ajuda a conhecer as pessoas no essencial: saber encontrar em cada um a presença do amor de Deus que se manifesta constantemente e faz vencer todas as adversidades”, traduz.

D. Nuno Isidro vai dar continuidade ao trabalho “administrativo” de ser vigário-geral no patriarcado de Lisboa, funções que indica serem necessariamente “discretas” na relação das paróquias com a Cúria, “e sobretudo o acompanhamento dos padres nas suas diversas necessidades e preocupações”.

“Um trabalho que pede descrição porque as situações são diversas: a discrição de saber tratar cada assunto e questão com sentido próprio, não generalizar situações mas saber encontrar na relação com cada padre as soluções necessárias. A administração é uma realidade necessária porque diz respeito à construção da Igreja, de sermos capazes de crescer nas comunidades”, reconhece.

Natural de A dos cunhados, no concelho de Torres Vedras, o bispo auxiliar vai acompanhar as cinco vigararias da zona oeste do patriarcado de Lisboa, uma realidade que conhece bem e que, indica, não difere no essencial dos territórios mais urbanos.

“Sendo um ambiente de economia e negócios ligados à agricultura já não é tão rural porque os ambientes são todos urbanos, consequência das influências e do conhecimento que se gera. As dinâmicas podem ser diversas marcadas pela liturgia, das festas populares, algumas paróquias menos populosas e mais envelhecidas, mas com poucas diferenças no sentir e no desejo das pessoas”, sublinha.

D. Nuno Isidro indica que o importante na missão de qualquer bispo é “ser sempre apóstolo”, estar atento “à vida de hoje, dos homens deste tempo”, apresentando “o sentido de estar para servir, num projeto de salvação para a humanidade”.

“Assegurar que os que têm desejo de encontro com Deus, de vida cristã perseverem nessa vida cristã, caminho de conversão, de sacramentos, de exigência de vida espiritual e de oração. Partindo daqui, dinamizando e formando para ir ao encontro de todas as periferias que hoje são as pessoas em situação de sem-abrigo, as pessoas com deficiências, os jovens que vivem na indiferença, as famílias em contextos atuais. Cada pessoa é uma periferia e a Igreja está aberta a todas as pessoas e procuramos ir ao encontro de todos conforme a nossa capacidade”, indica.

O bispo auxiliar reconhece que não haverá outra forma de trabalhar se não for “em equipa sinodal”, sem “obedecer simplesmente a ordens” mas contribuindo com “experiência, pensamento e visão pastoral e tipológica sobre a Igreja”.

A ordenação episcopal de D. Nuno Isidro e D. Alexandre Palma vai ter lugar no dia 21 de julho, às 16h00, na igreja de Santa Maria de Belém, Mosteiro dos Jerónimos, sob a presidência de D. Rui Valério, patriarca de Lisboa; a celebração vai ter os cardeais D. Manuel Clemente e D. José Tolentino de Mendonça como  bispos co-ordenantes.

LS/OC

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