II Concílio do Vaticano: Anatomia dos vasos comunicantes

Na segunda metade do século XV, Johannes Gutenberg consegue, finalmente, completar, o primeiro livro impresso: uma bíblia a duas colunas de 42 linhas em cada página, 1200 páginas na totalidade. Um passo de gigante e revolucionário no mundo da comunicação. Em poucos anos, multiplicam-se as tipografias e as letras circulam num universo mais alargado.

Na segunda metade do século XV, Johannes Gutenberg consegue, finalmente, completar, o primeiro livro impresso: uma bíblia a duas colunas de 42 linhas em cada página, 1200 páginas na totalidade. Um passo de gigante e revolucionário no mundo da comunicação. Em poucos anos, multiplicam-se as tipografias e as letras circulam num universo mais alargado.

Convocado pelo Papa João XXIII e continuado pelo Papa Paulo VI, a data de 04 de dezembro de 1963 fica na história devido ao nascimento dos primeiros filhos do II Concílio do Vaticano: «Sacrosanctum Concilium» e «Inter Mirifica». O decreto sobre os Meios de Comunicação Social teve 2131 votantes, destes responderam «sim» 1960 padres conciliares e «não» 164 e os restantes (7) votaram nulo.

O surgimento do Decreto «Inter Mirífica» (IM) foi como que uma necessidade para orientar os cristãos e convocá-los ao recto uso dos meios de comunicação. Uma forma de “reconhecer a importância da comunicação de massa como meio capaz de movimentar indivíduos e sociedades e o seu valioso auxílio para o desenvolvimento do ser humano e para a evangelização” (Cf. IM, números 1-3).

O texto deste decreto foi apresentado ao concílio na 25ª congregação geral e debatido durante três congregações. Contava com 114 parágrafos e ocupava 40 páginas, dividia-se em duas partes, e cada parte era formada de vários capítulos. Na 28ª congregação geral foi decidido por 2138 votos contra 15 que fosse confiado à comissão competente o encargo de formular “mais concisamente os princípios doutrinais e as directrizes pastorais” (Cf. II Concílio do Vaticano, Editorial A.O, página 43). Quase um ano depois, em 14 de novembro de 1963, durante a 67ª congregação geral, a comissão apresentou o novo texto, emendado e reduzido a 24 parágrafos e a 2 capítulos: “Normas para o recto uso dos meios de comunicação” e “Os meios de comunicação e o apostolado católico”.

Depois de consideradas as emendas propostas pelos padres conciliares, o texto foi sujeito à votação geral na 74ª congregação geral com o seguinte resultado: 2112 votantes; 1598 placet (sim) e 503 non placet (não). Não obstante o número elevado de padres a quem o texto não agradou, Paulo VI decidiu promulgar o decreto no dia 04 de dezembro. A votação final foi realizada na presença do Papa Montini.

A «Inter Mirifica» tem um “valor profundo” por ser o primeiro documento pontifício a tratar da comunicação social e também por apontar para várias iniciativas que ao longo dos anos se concretizaram: criação do secretariado pontifício e secretariados nacionais, do Dia Mundial da Comunicação Social, de instruções pastorais e de associações internacionais. Todos os anos, para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, celebrado no domingo da Ascensão, o papa publica uma mensagem para comemorar esta data. Uma forma de actualizar o II Concílio do Vaticano e de o adaptar “às novas descobertas e comportamentos humanos” (Cf. Darlei Zanon, «Para ler o Concílio Vaticano II», Paulus Editora.)

 LFS

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