Igreja: Vaticano divulga apelo para «Salvar a Fraternidade», denunciando violência do sistema «técnico-económico»

Texto é subscrito por dez teólogos, entre eles João Manuel Duque, docente da Universidade Católica Portuguesa

Cidade do Vaticano, 08 jun 2021 (Ecclesia) – O Vaticano divulgou hoje o apelo “Salvar a Fraternidade, juntos”, lançado por um grupo de dez teólogas e teólogos, incluindo o português João Manuel Duque, denunciando a “violência anti-humanista” do sistema “técnico-económico”.

“A suposta neutralidade do sistema técnico-económico encobre a sua violência anti-humanista e evita que seja comparado ao passado imperialista e colonialista do Ocidente”, refere o texto, enviado à Agência ECCLESIA.

O apelo é subscrito por dez teólogas e teólogos, incluindo João Manuel Duque, docente da Universidade Católica Portuguesa, convocados pelo presidente da Academia Pontifícia para a Vida e pelo reitor do Instituto Pontifício Teológico João Paulo II para as Ciências do Casamento e Família.

O documento sublinha os efeitos “nocivos” do sistema tecnocrático sobre o meio ambiente e sobre uma sociedade “empobrecida em todo o mundo”.

O “chamamento à fé e ao pensamento” parte da encíclica ‘Fratelli Tutti’, sobre a fraternidade humana, publicada em outubro de 2020 pelo Papa Francisco.

“A nossa proposta é recolher o sentido profundo desta provocação definitiva – dirigida a uma Igreja instada a abrir-se e a um mundo tentado a fechar-se  – inaugurando o clima de uma ‘fraternidade intelectual’”, realça a nota de imprensa que acompanha o apelo.

A Teologia deve aceitar confrontar-se criticamente com as perversões do sagrado, por tentativa e erro, para que não gozem da cumplicidade da fé. Devemos às gerações futuras esta aliança entre o pensamento sensível ao homem e a decifração salvífica do sagrado”.

Os signatários desafiam teólogos e crentes a desconstruir o dualismo “comunidade eclesial e comunidade secular” ou “mundo criado e mundo salvo”.

“Propomos uma reversão de tendência no pensamento da época. Não desprezeis o Nome de Deus, ao qual todos os homens e mulheres do planeta dirigem a invocação dos crentes sinceros, e para o qual os próprios crentes se colocam à disposição para interceder por todos os pobres e abandonados”, pode ler-se.

Os responsáveis pelo documento questionam um “individualismo libertário” no qual desapareceu qualquer “projeto de responsabilidade para a comunidade dos livres e iguais”.

“Não há nada que possa salvar as gerações futuras da dissolução técnico-económica do humanismo ético-político”, advertem.

D. Vincenzo Paglia assina o epílogo que encerra o apelo, destacando que “as instituições eclesiais são chamadas a desempenhar o seu papel, na promoção de um diálogo mais profundo e assíduo entre a inteligência da fé e o pensamento do homem”.

OC

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