Igreja/Portugal: Novo livro aborda «permanências, ruturas e recomposições» do 25 de Abril (c/ vídeo)

Parceria ECCLESIA/CEHR desenvolve «quatro núcleos fundamentais» – guerra, descolonização, democracia e desenvolvimento

Lisboa, 03 abr 2024 (Ecclesia) – A Agência ECCLESIA e o Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa (CEHR) vão lançar um novo livro sobre as “permanências, ruturas e recomposições” 25 de Abril, 50 anos depois da revolução.

“Agora queríamos que a nossa investigação tivesse também lugar naquilo que nós designamos como a disseminação do conhecimento, uma divulgação dos temas que temos vindo a trabalhar através desta edição e deste trabalho conjunto com a Ecclesia que alguns desses temas, abordará alguns desses problemas a partir de quatro núcleos fundamentais, aquilo que foi o tema da guerra, da descolonização, da democracia e do desenvolvimento”, explicou Rita Mendonça Leite, do CEHR, em entrevista à Agência ECCLESIA.

Segundo João Francisco Pereira, também do Centro de Estudos de História Religiosa da UCP, o livro aborda a revolução a partir de “tudo o que a rodeou”, e o pós-revolução.

“Muitas destas questões relacionadas com a descolonização, nós falamos das causas, das resistências, mas também depois de algumas consequências, nomeadamente relacionadas com o trabalho infantil, ou mesmo o desenvolvimento do sindicalismo católico, antes e depois. A parte de democratização é mais óbvia”, desenvolveu o historiador. 

‘25 de Abril: permanências, ruturas e recomposições’, é um novo livro publicado no âmbito das comemorações dos 50 anos do 25 de abril de 1974, com coordenação científica do CEHR e edição da Agência ECCLESIA.

A publicação vai ser apresentada no dia 15 de abril, a partir das 18H30, no Auditório Santuário de Fátima (Sala 131/edifício antigo) da Universidade Católica Portuguesa, em Lisboa, informa o Centro de Estudos de História Religiosa.

A sessão conta com intervenções de Maria Inácia Rezola, comissária da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril; do cardeal D. Manuel Clemente, patriarca emérito de Lisboa; e Peter Hanenberg, vice-reitor da Universidade Católica Portuguesa.

Uma nova sessão de apresentação vai decorrer a 17 de abril, pelas 16h00, na Torre dos Clérigos, com intervenções de Germano Silva, Virgílio Borges Pereira e D. Joaquim Dionísio, bispo auxiliar do Porto e membro da Comissão Episcopal da Cultura, Bens Culturais e Comunicações Sociais.

Sobre a Igreja Católica em Portugal, no âmbito do 25 de Abril, Rita Mendonça Leite adianta que os autores trabalharam estas questões, mas também “as diferentes correntes dentro da Igreja, o lugar dos leigos e as diferentes práticas”, como tiveram em conta “outras correntes religiosas”.

“O tema, por exemplo, das correntes cristãs não católicas é abordado, mas ir um pouco para além daquilo que são os temas recorrentemente referidos quando se fala do 25 de abril e da Igreja, como da missionação ou esses elementos, e também debater essas temáticas”, acrescentou a investigadora.

João Francisco Pereira explica que uma das partes que investigou foi relativa “à ala liberal”, que recebe “muitos ecos” do Concílio Vaticano II (1962-1965), “personalidades como o Miller Guerra, Pinto Leite, Francisco Sá Carneiro, alguns deles ligados ao bispo do Porto” [D. António Ferreira Gomes (1906-1989)].

“Não é a geração que viveu a I República, é uma geração que nasce noutro período, que olha para a Igreja de outra maneira e que depois recebe o Concílio com os vários apelos. A liberdade como questão vai estar sempre muito em causa, a questão da liberdade religiosa, da liberdade de imprensa”, contextualizou, em entrevista ao Programa ECCLESIA, emitida hoje na RTP2.

“Antes do 25 de abril, parte daquilo que nós chamamos do catolicismo progressista, quer precisamente dar eco do Concílio Vaticano II, em contraponto a uma parte da hierarquia que talvez não escutasse com tanta proximidade esses ecos”, acrescentou Rita Mendonça Leite.

João Francisco Pereira, considera que, em relação às gerações mais novas, as comemorações do 50.º aniversário da revolução “correm o risco de se tornar datas” das quais as pessoas se vão “desligando”, pelo que a sua atualidade depende muito do relevo e valor dado pelo Estado e pelos cidadãos, mas do “Estado sobretudo pela escola, pelo ensino e pelas celebrações que faz”, uma transmissão que “não é muito tão simples”.

“Para os mais jovens é de facto um desafio tornar constante e mostrar o que é que foi mudando, o que é que havia, é sempre, quais foram as principais transformações e que é que isso influi na nossa vida. A questão do voto é muito óbvia, mas há tantas outras possibilidades que se abriram nos pós-25 de Abril”, realçou o historiador.

HM/CB/OC

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