Igreja/Portugal: «Muitas noites, antes de adormecer, falei a Deus dos pobres que encontrei durante o dia» – Eugénio Fonseca

Presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado assinala VIII Dia Mundial dos Pobres, convocado pelo Papa

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Lisboa, 16 nov 2024 (Ecclesia) – Eugénio Fonseca, presidente da Confederação Portuguesa do Voluntariado (CPV), disse à Agência ECCLESIA que o Dia Mundial dos Pobres, convocado pelo Papa, é um desafio ao compromisso social e espiritual das comunidades católicas, junto de quem sofre.

“Muitas, muitas noites antes de adormecer falei a Deus dos pobres que encontrei durante o dia e isto foi fazendo parte da minha conversão pessoal. Neste diálogo com Deus, sentia que ia crescendo na minha fé”, refere o responsável, antigo presidente da Cáritas Portuguesa.

O Papa vai presidir, este domingo, à celebração do VIII Dia Mundial dos Pobres, num programa que inclui Missa na Basílica de São Pedro, almoço com 1300 pessoas e entrega de casas a vítimas da guerra em vários países.

Eugénio Fonseca considera que, em Portugal, ainda são “poucas as paróquias que têm gestos como aqueles que o Papa procura ter”, nesta jornada anual, para sublinhar a “atenção aos pobres como uma das prioridades”.

“Essa opção não está totalmente assumida”, aponta.

O presidente da CPV entende que, no campo social, a missão primordial da Igreja é “estar com os pobres na comunidade cristã”, realçando que, em muitos casos, essa ação é delegada nos Centros Sociais.

“Temos um grupo muito considerável de instituições católicas, Centros Sociais Paroquiais e com outras finalidades, mas mais de metade das paróquias do nosso país não têm a Pastoral Social organizada, no contexto da própria missão”, lamenta.

O entrevistado sublinha a necessidade de levar para a vida concreta as intenções que são rezadas nas celebrações eucarísticas e de “momentos de paragem para falar a Deus sobre os pobres”.

“Quem não reza aquilo que faz em favor dos mais pobres pode tornar-se um mero funcionário”, observa.

Foto: Agência ECCLESIA/MC

Eugénio Fonseca realça que há um trabalho marcado pela “dimensão da assistência” aos pobres, convidando a “ir às causas” da pobreza para as eliminar, “nesta interdisciplinaridade pastoral animada pelo pároco”.

Na sua mensagem para o VIII Dia Mundial dos Pobres, o Papa diz que esta é “uma ocasião propícia para realizar iniciativas que ajudem concretamente os pobres, e também para reconhecer e apoiar os numerosos voluntários que se dedicam com paixão aos mais necessitados”.

O presidente da CPV afirma que “ser voluntário é ter disponibilidade, uma disponibilidade de coração que é cada vez mais raro no mundo de hoje”.

Os voluntários, indica o entrevistado, “não podem substituir postos de trabalho”, mas podem “complementar naquilo que for estritamente necessário”, acrescentando uma “componente humanista”.

“Estamos a ficar cada vez mais individualistas nas nossas relações e o voluntariado reclama isso, trazer mais humanismo para as relações entre as pessoas”, refere Eugénio Fonseca.

O responsável lamenta a “falta de reconhecimento” dos voluntários, por parte dos responsáveis políticos e da comunicação social, pedindo mais atenção para as “coisas boas” que se fazem no país.

A entrevista vai ser emitida este domingo, pelas 06h00, no Programa ECCLESIA, na Antena 1 da rádio pública, ficando depois disponível online.

OC

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