Igreja/Mulher: Papa denuncia violência que deriva de «cultura patriarcal e machista de opressão»

Francisco assina prefácio de livro sobre liderança feminina, com texto da reitora da UCP

Cidade do Vaticano, 08 mar 2023 (Ecclesia) – O Papa alerta, num texto inédito, para a “cultura patriarcal e machista” que alimenta a violência e a discriminação contra as mulheres.

“A violência contra a mulher é uma ferida aberta, resultante de uma cultura patriarcal e machista de opressão. Devemos encontrar o tratamento para curar esta praga e não deixar as mulheres sozinhas”, escreve Francisco, no prefácio do livro ‘More Women’s Leadership for a Better World’ (Mais lideranças femininas para um mundo melhor), que vai ser lançado esta sexta-feira.

A obra resulta de uma investigação multidisciplinar sobre o papel das mulheres, para um novo modelo de desenvolvimento cultural e social.

O Papa entende que é “necessário promover mudanças na cultura patriarcal ainda vigente”.

“Infelizmente, ainda hoje, cerca de 130 milhões de meninas em todo o mundo não vão à escola. Não há liberdade, justiça, desenvolvimento integral, democracia e paz sem educação”, adverte.

Francisco aponta à “plena igualdade de oportunidades” para as mulheres, que assim poderiam “contribuir substancialmente para a mudança necessária para um mundo de paz, inclusão, solidariedade e sustentabilidade integral”.

O texto alude às dificuldades que as mulheres enfrentam ainda para “alcançar cargos de chefia no mundo do trabalho” bem como às “vantagens ligadas à sua maior presença e plena valorização do seu papel nos domínios da economia, da política e da própria sociedade”, bem como na Igreja.

Devemos trabalhar, todos juntos, para abrir oportunidades iguais a homens e mulheres em todos os contextos, apontar a uma situação estável e duradoura de igualdade na diversidade: o caminho para a afirmação das mulheres é recente, conturbado e, infelizmente, não definitivo. Situações como essas podem ser facilmente revertidas”.

O Papa elogia a especificidade do pensamento feminino e deseja que elas se possam expressar “em todas as esferas”, sendo “remuneradas de forma igual aos homens por funções, compromissos e responsabilidades iguais”.

“Essas lacunas, juntamente com o preconceito contra as mulheres, estão na raiz da violência contra as mulheres”, acrescenta.

O livro inclui um texto de Isabel Capeloa Gil, reitora da Universidade Católica Portuguesa, sobre a liderança das mulheres nestas instituições académicas.

A responsável assina hoje uma mensagem pelo dia Internacional da Mulher, em que celebra “a vontade, a criatividade, a dedicação, a energia, a capacidade de gerir tarefas múltiplas, de gerar equilíbrios, construir consensos e fazer mais e melhor a cada dia”.

“Num tempo de tantas ameaças ao desenvolvimento e à dignidade da mulher, celebramos na Católica as muitas mulheres que fazem a nossa universidade acontecer”, indica Isabel Capeloa Gil, agradecendo “às investigadoras, às professoras, às estudantes, às gestoras, às engenheiras, às juristas, a todas as colaboradoras de uma instituição que faz da paridade um desígnio de missão”.

OC

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