Igreja: Jornadas nacionais propõem «Catequese inovadora» (c/fotos)

Trabalhos reúnem 600 participantes, com homenagem a monsenhor Amílcar do Amaral

Fotos: SNEC

Fátima, 26 out 2019 (Ecclesia) – A Igreja Católica promove até domingo, em Fátima, as jornadas nacionais de catequistas, com o tema ‘Uma Catequese inovadora’, reunindo mais de seis centenas de participantes.

O evento começou esta sexta-feira, com a intervenção de D. António Moiteiro, presidente da Comissão Episcopal da Educação Cristã e Doutrina da Fé (CEECDF), o qual evocou a figura de monsenhor Amílcar do Amaral, homenageado na edição de 2019, apresentando-o como “a figura mais importante da catequese no século XX português”.

O bispo de Aveiro desafiou os presentes a refletir sobre os desafios que hoje se colocam a uma transmissão da fé que “pretende colocar catequistas e catequizandos a caminhar juntos, para o encontro com Jesus Cristo”.

Monsenhor Amílcar Amaral, sacerdote da Diocese de Aveiro, foi presidente do Secretariado da Catequese, criado a 29 de março de 1949.

Em declarações enviadas à Agência ECCLESIA pelo SNEC, D. António Moiteiro evoca uma figura “cimeira” na área da Catequese e do ensino religioso, que promoveu a elaboração de catecismos em Portugal, “adaptados às crianças portuguesas”, com a preocupação de “chegar a todos” e de formar catequistas.

Não podíamos deixar passar o centenário do seu nascimento, que iremos celebrar a 14 de dezembro, sem fazer memória do passado, para vivermos o presente, o hoje da nossa Igreja, e assim construirmos o futuro”.

O bispo de Aveiro indica que, numa sociedade secularizada, como a de hoje, o “fundamental é descobrir o essencial da vida cristã, que é a pessoa de Jesus”, fazendo com que a catequese seja mais “um encontro e não uma lição”.

Na primeira conferência dos trabalhos, subordinada ao tema ‘O Contexto eclesial no tempo editorial de Monsenhor Amílcar Amaral’, o padre Alexandre Palma, da Universidade Católica Portuguesa (UCP), apontou o Concilio Vaticano II “como fundamental para o aparecimento de figuras transformadoras em toda a Igreja, como a do monsenhor Amílcar do Amaral”.

“O Concilio Vaticano II foi de tal modo marcante para a vida da Igreja no século  que promove uma mudança de paradigma e marca, de maneira clara, o período editorial de monsenhor Amílcar do Amaral, que nele bebeu e se inspirou para a renovação da catequese em Portugal”, referiu, numa intervenção divulgada pelo portal ‘Educris’, do Secretariado Nacional da Educação Cristã (SNEC).

O conferencista desejou que seja possível “criar uma nova capacidade de perceber a experiência cristã como uma experiência plural que se desenha em conjunto para um caminho comum”.

O padre António da Graça Cruz, da Diocese de Aveiro, conviveu com monsenhor Amílcar do Amaral, falando “num homem de fé, comunicativo”, que procurava integrar as pessoas, e “sobretudo um homem de oração”, que o inspirou a seguir o sacerdócio.

“Era diferente, porque comunicava connosco, jogava à bola, comunicava com filmes, com imagens”, recorda.

Filomena Capelo, do Patriarcado de Lisboa, começou o seu percurso na catequese com os catecismos criados por monsenhor Amílcar do Amaral, que apresentou depois aos mais novos, como catequista.

“Claro que os desenhos hoje parecem desatualizados, mas tinham a ver com a nossa realidade”, precisa, com representações onde “todos cabiam”, do campo à cidade.

OC

Nascido em 1919 na diocese de Viseu, Monsenhor Amílcar do Amaral foi ordenado em 1942 em enviado para Águeda. Participou, como delegado diocesano, no Congresso Internacional de Catequese, em Roma e foi nomeado, em 1952, diretor do então Secretariado Nacional da Catequese. Liderou a renovação da catequese em Portugal com a criação de vários volumes de catecismos, um plano catequético para a formação dos catequistas e uma nova pedagogia na relação entre catequista e catequizando. Morreu em 1990.
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