Igreja: Fátima «não é uma simples história datada que guardamos como troféu» – D. António Marto

Futuro cardeal  falou na abertura do simpósio teológico-pastoral, que reflete sobre a mensagem mariana «hoje»

Foto: Santuário de Fátima

Fátima, 22 jun 2018 (Ecclesia) – O bispo de Leiria-Fátima, D. António Marto, disse hoje na Cova da Iria que o santuário mariano oferecer à Igreja Católica mais do que uma “história datada”, ganhando atualidade junto das várias “fragilidades humanas”.

“O seu sentido hoje há de ser procurado nos lugares das fragilidades humanas, nos muros que demarcam as fronteiras físicas e espirituais do desespero, nas modernas torres de babel que construímos para divinizar a vontade pessoal, nos barcos que povoam os mediterrâneos dos nossos tempos, navegando a nossa falta de hospitalidade e a insensibilidade das nossas vidas acomodadas”, defendeu, na abertura do simpósio teológico-pastoral intitulado ‘Fátima Hoje: que sentido?’, que decorre até domingo, no Centro Pastoral Paulo VI.

D. António Marto referiu que “questionar” o sentido de Fátima, hoje, “significa tomar consciência da multidão que não para de crescer” e “reconhece” no santuário um “marco da fé”.

“Não é uma simples história datada que guardamos como troféu no espólio da memória da igreja. Como dom de Deus, Fátima oferece-nos uma mistagogia para o coração da boa nova, uma pedagogia da fé que incarna em cada tempo para trazer esperança à vida do crente e uma profecia que traz luz transcendente para a visão da história e da condição humana”, desenvolveu.

O futuro cardeal português realçou que “Fátima continua a ecoar”, a história do acontecimento “permanece atual” e, hoje, “há quem oiça o testemunho das três crianças e encontra chaves de leitura para a sua vida e relação com Deus e com o mundo”.

“O sentido de Fátima continua a encontrar-se sobretudo nos gestos simples de uma igreja que pretende ser fiel ao evangelho de Cristo pela proximidade, pela hospitalidade, pelo cuidado, pela misericórdia com que se diz o Reino dos Céus”, acrescentou.

“Fátima propõe-se como memorial da presença de Deus”, disse o bispo de Leiria-Fátima, dando “graças como quem compreende neste dom; e se compromete na sua praxis” na conversão e reparação, num “sentido mais profundo e global”.

Foto: Santuário de Fátima

Por sua vez, o presidente da comissão organizadora do simpósio referiu que eram muitas as “expetativas” depois do “grande congresso” realizado em 2017, pelo centenário das Aparições.

Segundo Marco Daniel Duarte o “simpósio dirá novas formas de dizer o mistério” e vão refletir sobre “as novas maneiras de dizer Fátima” ficando com “chaves de leitura significativas para a humanidade do século XXI”.

O responsável salientou que o Santuário como “importante lugar para a nova evangelização”, vão “olhar o posicionamento da humanidade perante a presença de Deus” e os diversos investigadores e oradores convidados vão apresentar “diferentes abordagens” para o tema do encontro ‘Fátima Hoje: que sentido?’.

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização, da Santa Sé, organismo que tutela os santuários, é um dos oradores do evento; D. Rino Fisichella vai falar sobre ‘O Santuário como hospital de campanha: o cuidado de Deus e do outro’, este sábado, a partir das 15h00, seguido de um espaço de debate com os participantes, lê-se no programa.

No simpósio teológico-pastoral do Santuário de Fátima vão estar diversos investigadores nacionais e internacionais, ligados a áreas como a Teologia, a Filosofia e a História.

“Desejamos que a reflexão permita constatar que são muitos os aspetos demonstrativos do dom de Fátima para a sociedade e Igreja”, disse o reitor do Santuário de Fátima.

O padre Carlos Cabecinhas realçou que a celebração do primeiro centenário das aparições (1971-2017) o encerramento do centenário “mais do que uma meta é um pórtico” para continuarem a missão, a “análise dos acontecimentos que continuam a interpelar o mundo, a sociedade e a Igreja”.

Neste contexto, este é o momento de aprofundar o centenário “do ponto de vista reflexivo” e, atualmente, o santuário vive um novo ciclo pastoral até 2020, que começou a 3 de dezembro de 2017, após os 7 anos em ordem ao centenário das aparições de Nossa Senhora aos Pastorinhos.

O reitor do santuário mariano realçou que hoje retomavam também o “ritmo anual do simpósio Teológico-Pastoral” que pretendem promover como “momentos e espaços de reflexão”, interrompidos com o congresso do ano passado.

O Santuário informa que estão “confirmados mais de 300 participantes” no Simpósio Teológico-Pastoral ‘Fátima Hoje: que sentido?’ que decorre no salão do Bom Pastor, do Centro Pastoral Paulo VI, até este domingo, e tem transmissão em direto online.

CB/OC

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