Igreja/Europa: «Fátima é um apelo à paz, mas há muitos humanos apostados em fazer a guerra» – José Milhazes

Jornalista descarta resultados a curto prazo da diplomacia, para travar conflito na Ucrânia

Foto: Agência ECCLESIA/HM

Lisboa, 12 mai 2023 (Ecclesia) – O jornalista José Milhazes, autor do livro ‘A Mensagem de Fátima na Rússia’, mostra-se pessimista quanto aos esforços diplomáticos para travar a guerra na Ucrânia, a curto prazo.

“Deus pode querer a paz, mas há humanos apostados na guerra motivados por interesses mesquinhos”, refere à Agência ECCLESIA.

O comentador reconhece que a Mensagem de Fátima é, há mais de 100 anos, um apelo à paz que “não pode ser ignorado”, destacando que referência à conversão da Rússia, nas Aparições de 1917, pode ter contribuído para dificultar o diálogo entre católicos e ortodoxos russos.

“A Igreja Ortodoxa Russa não reconhece a Mensagem de Fátima nem as Aparições, porque considera a expressão conversão da Rússia como a tentativa de conversão de todos os ortodoxos ao catolicismo”, precisa.

José Milhazes diz acreditar que o Papa Francisco ainda não foi a Kiev porque alimenta a esperança de se deslocar também à capital russa.

Porém, para este especialista em temas do Leste europeu, tal não acontecerá tão cedo “a não ser que se assista na Rússia, a uma reviravolta política com implicações diretas na Igreja Ortodoxa Russa”.

“É uma coisa que me deixa triste” assume o entrevistado, considerando que na diplomacia da Santa Sé pode transparecer “a ideia de que ambas as partes são culpadas”.

José Milhazes considera “injusta” esta posição, “porque foi a Rússia que atacou e que está a violar todas as regras internacionais”.

José Pedro Frazão, jornalista da Renascença que já esteve na Ucrânia em quatro ocasiões, desde o início do conflito, a 24 de fevereiro de 2022, vê grandes dificuldades para uma deslocação do Papa a Kiev por questões de segurança.

“Um Papa não visita um país para ficar em gabinetes e espaços fechados”, explica.

A visita à Ucrânia da imagem peregrina do Santuário Fátima foi um momento que José Pedro Frazão presenciou: “Vi muitas imagens de Nossa Senhora de Fátima em diversas Igrejas na Ucrânia e reparei que no final das celebrações as pessoas rezavam diante delas”.

Foto do jornalista José Pedro Frazão

O jornalista da Renascença reconhece que a religião é, neste momento, “um elemento agregador” numa Ucrânia em guerra.

“Há preces pela paz, preces pelos que vão para a guerra e na Páscoa era visível presença de militares fardados dentro das Igrejas, também nos templos católicos”, observa.

José Pedro Frazão refere ainda que a Mensagem de Fátima é lida como “suporte moral e religioso” nesta hora difícil que a Ucrânia está a viver.

O tema vai estar em destaque na emissão deste domingo do Programa ‘70×7’, na RTP2, a partir das 17h30.

HM/OC

Europa/Guerra: Próximos 12 meses serão «cruciais» – José Pedro Frazão (c/vídeo)

 

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