Igreja/Estado: Novo representante do Papa em Portugal classifica como «muito doloroso» cada caso de abuso sexual por membros clero

D. Ivo Scapolo regressa «com agrado» à Nunciatura em Lisboa e diz que «não é verdade» que tenha escondido casos de abusos sobre menores

Lisboa, 13 out 2019 (Ecclesia) – O novo núncio apostólico em Portugal disse que “foi muito doloroso” verificar os casos de abusos sobre menores por membros do clero no Chile, onde foi representante do Papa, e afirmou que regressa “com agrado” à Nunciatura em Lisboa.

“Regresso com agrado à Nunciatura em Portugal onde fui secretário, no fim dos anos 80. Como no Chile, também Portugal é um bonito país, com uma história gloriosa e um rico património artístico”, afirmou D. Ivo Scapolo ao jornal “El Mercurio”.

No dia 29 de agosto, o Papa Francisco nomeou o arcebispo italiano D. Ivo Scapolo, de 66 anos, como novo núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) em Portugal, após ter sido, desde 2011,  o representante diplomático do Papa no Chile; sucede no cargo a D. Rino Passigato, que apresentou a sua renúncia após ter superado o limite de idade estabelecido no Direito Canónico.

Em entrevista ao jornal chileno “El Mercurio”, publicada este domingo, o novo núncio apostólico referiu-se aos casos de abusos por membros do clero no Chile e disse que “foi muito doloroso constatar a realidade dos abusos na Igreja”.

“Fiquei impressionado como grande número de denúncias que surgiram ultimamente, mesmo que a maioria do casos não sejam recentes. Tentei compreender e partilhar o caminho difícil das vítimas ao tomar consciência do abuso que sofreram e denunciaram. Quero que se esclareçam, se julguem e se reparam estas atrocidades”, afirmou D. Ivo Scapolo.

Questionado sobre o facto de ter ajudado a encobrir casos de abusos sobre menores, o diplomata negou e disse que “sempre” cumpriu os seus deveres como representante do Papa.

“Em consciência, posso afirmar que cumpri até ao fim o meu dever como representante pontifício e que os meus superiores nunca deixaram de apreciar o meu trabalho”, afirmou.

O responsável reconheceu que a Igreja Católica nem sempre teve a “coragem de acolher as denúncias” e de agir preventivamente.

“Como Igreja, várias vezes não tivemos a coragem de acolher as denúncias e tomar a tempo as devidas medidas”, precisou D. Ivo Scapolo.

Numa entrevista publicada este domingo no jornal chileno “El Mercurio”, o novo núncio apostólico em Portugal diz que termina uma experiência diplomática com “luzes e sombras”, no Chile, assegurando que leva o país “no coração”.

“Termino uma experiência com luzes e sombras. O que lhe posso assegurar é que levarei o Chile no coração”, referiu.

D. Ivo Scapolo nasceu em Pádua, a 24 de julho de 1953, e foi ordenado sacerdote a 4 de junho de 1978; entrou no serviço diplomático da Santa Sé em 1984 e exerceu missão nas representações pontifícias de Angola, Portugal, Estados Unidos da América e na secção para as Relações com os Estados da Secretaria de Estado do Vaticano.

Como núncio apostólico, representou a Santa Sé na Bolívia (2002-2008), Ruanda (2008-2011) e Chile (2011-2019).

A Igreja Católica no Chile foi afetada nos últimos anos por uma crise provocada por casos de abusos sexuais, que levaram à renúncia de vários bispos e à intervenção do Papa Francisco.

PR

Vaticano/Portugal: D. Ivo Scapolo é o novo núncio apostólico em Lisboa

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