Igreja/Economia: «Precisamos de atores políticos que tenham uma atitude diferente» – Carlos Figueira

Membro da Equipa de Coordenação do hub português da «Economia de Francisco» destaca importância de abordagem integral às questões sociais

Foto: RR/Miguel Rato

Lisboa, 13 out 2024 (Ecclesia) – Carlos Figueira, membro da Equipa de Coordenação do hub português da “Economia de Francisco”, pediu políticos mais centrados no “bem comum” do que em resultados imediatos, desejando uma abordagem integral às questões sociais

“Precisamos de atores políticos que tenham uma atitude diferente”, disse o responsável, que participou em setembro num encontro com Francisco, no Vaticano.

O docente universitário vai integrar a Assembleia da nova Fundação Economia de Francisco, cinco anos após a convocação desta iniciativa, pelo Papa.

Questionado sobre o debate relativo ao próximo Orçamento de Estado, Carlos Figueira sublinhou que o foco deve ser “o bem coletivo, tem de ser o bem comum, e colocar a pessoa, os problemas reais das pessoas no centro”, em vez da preocupação de “ganhar a próxima eleição”.

“Se estiver na política com o objetivo de servir, vou conseguir resolver o problema real das pessoas, vou conseguir colocar as pessoas no centro”, sustentou.

O responsável pediu que a reflexão seja alargada à realidade de cada um, ao próprio trabalho e ao impacto na sociedade.

Somos uma comunidade e juntos é que vamos conseguir resolver as questões que temos, enquanto sociedade, porque se uns forem e outros ficarem, não há coesão social”.

O entrevistado assinala que, no combate à pobreza, “não se resolvem os problemas só com dinheiro”, acrescentando que é “fundamental garantir que os portugueses, as pessoas que vivem cá, para ser ainda mais lato, têm qualidade de vida”.

Relativamente às medidas que visam manter os jovens em Portugal, Carlos Figueira assume que esta é uma “questão fundamental”, perante o cenário de crise demográfica, convidando a “olhar para os problemas de uma forma integral e reconhecer que a realidade é complexa”.

O responsável considera que é preciso “fazer mais” no apoio a trabalhadores imigrantes, muitas vezes explorados, convidando a aplicar os princípios da Doutrina Social da Igreja “no contexto da economia, no contexto dos mercados financeiros”.

“O conceito de Ecologia Integral é esse mesmo, porque passa, primeiro, por reconhecer que a realidade está toda integrada, e por isso é que o Papa também na ‘Laudato Si’ fala de que a crise ambiental não pode ser separada da crise social, da questão da pobreza”, precisou.

Foto: RR/Miguel Rato

O membro da Equipa de Coordenação do hub português da “Economia de Francisco” lamenta os investimentos em armamento, realçando que “a guerra não traz nenhuma solução”, e aponta à necessidade de promover “investimentos que façam bem” ao ambiente e às pessoas.

“Não podemos pensar numa solução de desinvestir em combustíveis fósseis se, ao mesmo tempo, não tivermos uma solução integrada que permita, por exemplo, resolver alguma crise social que exista”, exemplificou.

Saudando o papel da nova fundação, o responsável português assinala que “a Economia de Francisco é aberta a todos e há diferentes papéis para diferentes profissões”, a todas as pessoas que “se identifiquem com estes temas, com uma forma de olhar a economia e o mundo numa perspetiva mais inclusiva, mais humana, mais sustentável”.

Henrique Cunha (Renascença) e Octávio Carmo (Ecclesia)

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