Igreja/Economia: Papa denuncia «paradoxo» de um sistema financeiro que beneficia alguns, enquanto milhões vivem na pobreza

Francisco abordou tema no prefácio do livro «Poder e Dinheiro» que vai ser apresentado esta quinta-feira

Cidade do Vaticano 11 abr 2018 (Ecclesia) – O Papa Francisco diz que é urgente uma maior equidade na distribuição da riqueza e denuncia o “paradoxo” de um sistema financeiro que beneficia alguns, enquanto milhões de pessoas vivem na pobreza.

No prefácio do livro ‘Poder e Dinheiro: A Justiça Social de acordo com Bergoglio’, uma obra de Michele Zanzucchi que vai ser publicada esta quinta-feira, o Papa argentino realça que durante as suas viagens encontrou vários exemplos desta contradição, que traz à sociedade “injustiça e sofrimento”.

“Uma economia global que poderia alimentar, curar e dar habitação a toda a população da Terra, mas que em vez disso – como um conjunto de estatísticas preocupantes mostram – concentra essa riqueza nas mãos de um grupo restrito de pessoas”, salienta Francisco.

O livro ‘Poder e Dinheiro’ reúne um conjunto de reflexões que Jorge Mario Bergoglio, eleito Papa em 2013, tem feito ao longo do seu pontificado, acerca de temas como a economia, a pobreza e a justiça social.

Contributos que foram compilados pelo escritor e jornalista italiano Michele Zanzucchi, atualmente a trabalhar no Líbano.

Para o Papa, de 81 anos, é essencial despertar a sociedade para o problema de uma economia injusta e desequilibrada, que é ao mesmo tempo geradora de “desenvolvimento” e de “desigualdade”, que deu lugar a uma relação “ambivalente” entre finança e comércio.

Em nome do consumo, salienta, abrem-se portas a “uma excessiva exploração dos recursos” naturais e consequentemente à “deterioração do planeta”.

Na mesma obra, Francisco frisa que a comunidade católica não pode ficar silenciosa e tem de prosseguir na missão de alertar a sociedade, com base na “Doutrina Social da Igreja”.

O papa termina com a convicção de que, se a humanidade trabalhar em conjunto, será possível inverter a atual situação.

“Deus está connosco… e por isso mesmo está também nas nossas fábricas, nas nossas empresas e bancos, tal como nas nossas casas, nas favelas e nos campos de refugiados”, sublinha.

A encíclica ‘Laudato si’, publicada em junho de 2015, permanece como um dos principais textos de Francisco acerca destas temáticas, com o Papa a realçar pontos como uma “economia ecológica” e uma “economia integral”.

Já esta segunda-feira, na sua sua nova exortação apostólica, ‘Gaudete et Exsultate’, o pontífice pede uma maior atenção aos mais necessitados e à justiça social na vida dos católicos, que desafia a “reconhecer Jesus nos pobres e atribulados”.

“Não podemos propor-nos um ideal de santidade que ignore a injustiça deste mundo, onde alguns festejam, gastam folgadamente e reduzem a sua vida às novidades do consumo, ao mesmo tempo que outros se limitam a olhar de fora enquanto a sua vida passa e termina miseravelmente”, assinala, no texto dedicado à santidade no mundo contemporâneo.

JCP/OC

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