Igreja/Economia: Debate sobre empresas como «lugares de esperança» reuniu empresários e gestores cristãos

«As empresas que são lugares de esperança começam por definir objetivos coletivamente e para o bem comum» – Ricardo Zózimo

Lisboa, 31 jan 2024 (Ecclesia) – Empresários e gestores Cristãos estiveram esta terça-feira reunidos, na Igreja de São Nicolau, para um debate/almoço centrado no tema “Empresas como lugares de esperança”, conduzido pelo investigador Ricardo Zózimo.

No encontro, organizado pela Associação Cristã de Empresários e Gestores (ACEGE), o professor da Nova School of Business & Economics (SBE) abordou o trabalho como investigador, dedicando-se nos últimos anos à fusão da organização e espiritualidade.

“As empresas que são lugares de esperança começam por definir objetivos coletivamente e para o bem comum”, afirmou Ricardo Zózimo.

Segundo o investigador, para os empresários e gestores cristãos se tornarem lugares de esperança “têm de criar sistemas que são justos, meritocráticos e ao mesmo tempo injustos”, isto é, “apoiam pessoas quando elas precisam” e “são sistemas que sabem lidar com a fragilidade humana, com a fraqueza humana”.

“Percebemos que, às vezes, temos pessoas nas equipas que se elas estão underperform (com desempenho abaixo do esperado), precisam de ajuda. Se elas não estão a chegar ao sítio onde nós acreditamos que o potencial delas pode levar, precisam de ajuda. Não precisam que a gente as critique”, destacou.

Ricardo Zózimo falou da experiência que teve ao estudar grandes empresas cristãs internacionais, “com milhares de pessoas”, e de como eram “lugares de esperança”.

Numa delas, o líder sempre que despedia alguém, tinha de oferecer três semanas depois um pequeno-almoço ao funcionário em questão para perguntar se a empresa poderia fazer algo por ele; caso o líder não fosse ao pequeno-almoço, era despedido.

“Quem de vocês gostaria de despedir alguém e três semanas depois convidar a pessoa para o pequeno-almoço e perguntar se ela quer ajuda? Ninguém, não é?”, questionou o professor da Nova SBE.

“Porque quando nós despedimos alguém é para esse problema sair da nossa frente, mas o que esta empresa dá é uma esperança de que vai fazer tudo” para evitar aquela decisão, indicou.

Para Ricardo Zózimo, “este tipo de práticas são práticas que restituem a esperança na empresa, na organização”.

Uma coisa que nós sentimos nestes estudos que fazemos é que eles, mesmo com milhares de pessoas, tratam as pessoas como se fossem família, dirigem-se a elas, pensam nelas como parte da família, intrínsecas. Estão ao vosso cuidado, aquelas pessoas não são dispensáveis, estão ao vosso cuidado. As pessoas das minhas equipas estão ao meu cuidado”

O investigador indicou ainda que numa esperança organizacional “há vários níveis”, sendo eles “ter esperança”, “ser sinal de esperança”, ser “instrumento de esperança” e “construir lugares de esperança”.

“Hoje em dia, a vida nas organizações está toldada de três sinais muito grandes. O primeiro sinal é uma instabilidade que nos acompanha já há muito tempo e que vai continuar a acompanhar. Portanto, mais importante é um líder que seja sinal de esperança num momento de instabilidade como aquele que estamos a viver”, salientou.

O professor apontou a digitalização acelerada e a transformação acelerada da sustentabilidade como os outros dois sinais.

No final, Ricardo Zózimo propôs ferramentas aos presentes para convencerem os diretores financeiros das empresas a investirem em esperança: “As pessoas que são esperançosas faltam menos, trabalham mais, estão mais alinhadas com o propósito da organização, crescem mais rápido”.

“Os líderes que são sinais de esperança são líderes mais corajosos. Em termos de instabilidade, isto vale ouro. São líderes que aceitam mais as incoerências, que aceitam os baixos e os altos das nossas equipas e trabalham sobre isso”, frisou.

O conferencista mencionou ainda que as “empresas têm um papel na sociedade e no mundo” e que é fundamental que se tornem um modelo na sociedade.

LJ/OC

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