Setúbal: Diocese perdeu 10 mil pessoas nas missas nos últimos 24 anos

Inquérito sobre prática dominical naquele território, que quer reorientar e reorganizar práticas pastorais, revela maior participação acima dos 70 anos e menor presença de jovens e crianças

Almada, 30 nov 2024 (Ecclesia) – A participação dominical na Diocese de Setúbal desceu de forma “acentuada” nos últimos 24 anos, com uma perda de cerca de 10 mil fieis, mais visível nos últimos 10 anos, com a ausência de sete mil fieis.

Os dados apresentados hoje, em Almada, pela Comissão técnica da Comissão do Novo Mapa Diocesano, mostra que de “34 mil e 960 pessoas, em 2001, passou-se para 24 mil 142 participações, em 2024, uma queda significativa de cerca de 31%”.

Entre 2014 e 2024, houve uma perda de aproximadamente sete mil fiéis.

O estudo divulgado apresentou “um primeiro conjunto de análises sobre os resultados do Censo da Prática Dominical”, realizado em maio, nos dias 18 e 19.

“Com uma população total de 24 mil 142 pessoas, a maior percentagem é representada pelo grupo etário de mais de 70 anos, que compreende 6316 pessoas, e corresponde a 26% do total. A faixa etária dois 55 aos 69 anos, também é significativa, com 4770 pessoas. Juntas, as duas faixas etárias representam metade da população (46%). Os grupos etários, dos 40 a 54 anos (4697 pessoas, 195) e a faixa dos 25 aos 39 anos (2245 pessoas, 9%). As faixas etárias mais jovens, dos 6 aos 14 e dos 15 aos 24 anos, representam apenas 16% e 9%, respetivamente”, apresentou Nélia Vicente, da comissão técnica.

A responsável reconhece “efeitos de secularização, na zona da Marateca e de Canha”, e fluxos migratórios, com zonas da diocese com uma presença de população “mais jovem e participativa, como é o caso da Caparica” ou da “Amora e Seixal onde as pessoas vindas dos PALOP representam uma maioria” – dados que influenciam mas indicam a necessidade de uma “reflexão mais profunda” perante os resultados.

“Há que pensar que somos uma Igreja una, mas com uma diversidade cultural, religiosa, e há que pensar de forma como podermos cativar a população mais jovem e também cativar a população que lá vai. Estamos a falar aqui de população de 40 e 50 anos, que também é importante reter”, explica Nélia Vicente à Agência ECCLESIA.

Num território com cerca de 900 mil pessoas, o padre Francisco Mendes, coordenador da Comissão Diocesana para o Estudo, Reflexão e Proposta de um Novo Mapa Territorial das Paróquias e Vigararias de Setúbal, assinala a necessidade de “pensar fora da caixa” e procurar respostas perante a realidade social.

“As pessoas hoje não estão exatamente nos mesmos lugares onde estavam antes, nem estão da mesma forma, nem têm a mesma necessidade, nem têm as mesmas possibilidades. Portanto, tudo isto obriga a um reconfigurar, e às vezes até a um pensar muito fora da caixa nas respostas que se podem dar”, explica à Agência ECCLESIA.

O responsável indica a elaboração do estudo com base em “dados de mobilidade urbana, feitos por entidades externas e bastante recentes”.

“O trabalho está a ser feito em colaboração e aproveitando os dados para que, quando sair alguma proposta para mudança, reconfiguração, recolocação ou colocação nova de limites e de estruturas da Igreja, nós estejamos com plena certeza de que vamos estar ali, porque pastoralmente é importante, porque pastoralmente é relevante, porque pastoralmente vamos ter com as pessoas onde elas precisam que nós estejamos”, explica.

O cardeal Américo Aguiar manifestou o seu desejo de que “todos, todos, todos” sejam capazes de “fazer alguma coisa que permita que a missão no território possa ter mais sucesso, daquilo que é o essencial da missão” da Igreja.

“O que eu desejo é que se faça uma partilha do estado, não do estado da nação, mas do estado da situação. Após estes meses de trabalho, que a Comissão possa levantar alguns véus, para saber um bocadinho sobre como é a situação, como é que estamos”, disse na abertura da sessão.

Inês Medeiros, presidente da autarquia de Almada, valorizou o estudo e a procura de acompanhar as “alterações no território”.

A divulgação dos resultados do Censo da Prática Dominical na diocese de Setúbal tiveram lugar nas Jornadas, que decorrem no Convento dos Capuchos, na Caparica, em Almada, inseridas no âmbito do Jubileu Diocesano que a Diocese de Setúbal está a celebrar.

OC/LS

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