Igreja/Deficiência: Integração de pessoas cegas ajuda a construir comunidades «mais inclusivas» – Lorna DesRoses

Comunidade Católica com Deficiência Visual promoveu webinar, partilhando experiências com teóloga dos EUA

Foto: xaviersocietyfortheblind.org/

Lisboa, 15 set 2024 (Ecclesia) – A Comunidade Católica com Deficiência Visual (CCDV), em Portugal, promoveu este sábado um webinar para partilhar experiências com Lorna DesRoses, teóloga dos EUA, que sublinhou a importância de integrar todos na Igreja.

“As pessoas com deficiência visual têm um papel na construção de uma Igreja mais inclusiva. Este trabalho não é apenas para o nosso benefício, mas para o de toda a Igreja, a acessibilidade beneficia toda a gente. Todos precisamos de participar ativamente, ouvindo, falando, sentindo”, disse a conferencista, consultora do Secretariado para a Evangelização e Discipulado da Arquidiocese de Boston.

O encontro online, na última noite, teve como tema ‘Guided by Faith [Guiados pela fé]: Deus abraça o mundo e nós damos as mãos’.

A iniciativa visou dar a conhecer a ação pastoral da jovem teóloga cega e promover o trabalho pastoral que está a ser desenvolvido em Portugal, numa organização da CCDV que contou com a colaboração do Serviço Pastoral a Pessoas com Deficiência, da Conferência Episcopal.

Lorna DesRoses, que apresenta o podcast ‘Voices from the Pews’ (Vozes dos bancos), falou do “privilégio de servir pessoas de diferentes culturas”, assumindo que a deficiência tem trazido “desafios positivos e negativos”.

“Infelizmente, persiste a ideia de que as pessoas cegas são pessoas limitadas, que não conseguem fazer coisas”, lamentou, dando alguns exemplos de discriminação e “invisibilização” do seu contributo.

A responsável sublinhou a necessidade de educar as comunidades para “tratar as pessoas com deficiência com dignidade”, assinalando que muitas se “sentem excluídas”.

sentiram excluídas.

“Este tipo de afastamento, seja por meio de barreiras físicas, como um edifício inacessível, ou uma barreira de atitude, deixa um impacto permanente, mas negativo. A Igreja ensina que a participação na vida da comunidade paroquial por pessoas com deficiência deve ser acolhida e encorajada”, acrescentou.

A teóloga norte-americana recordou que “parte essencial” do ministério de Jesus foi chegar “intencionalmente às pessoas que viviam nas margens da sociedade”.

“A Igreja encontra a sua identidade mais verdadeira quando abençoa completamente e integra aqueles que não têm mãe, que são ignorados e marginalizados pela sociedade”, sustentou.

A inclusão, assinalou a conferencista, passa por incluir pessoas com deficiência visual como “cantores, leitores, ministros da Comunhão, membros dos Conselhos Económicos e até mesmo Diocesanos”.

“Sem nós, que somos cegos, o corpo de Cristo não está completo”, declarou.

Lorna DesRoses alertou para as consequências negativas da rejeição de uma família quando procura os sacramentos para um filho com deficiência, que pode levar ao afastamento de “muitos mais pessoas que ouvem sobre o que aconteceu”.

José Maria Ferreira e Ana Sofia Teixeira deram a conhecer o trabalho da CCDV, que se iniciou em 2021, para que cada pessoa com deficiência visual ou cega possa “viver a sua fé da melhor forma possível”.

Os encontros têm decorrido online, duas vezes por mês, com participantes das várias dioceses portuguesas e, em novembro, vai decorrer um encontro presencial da comunidade, em Fátima.

OC

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