Igreja/Cultura: UCP homenageou Daniel Faria e Sophia de Mello Breyner, figuras «incontornáveis» da poesia portuguesa (c/vídeo)

Instituição promoveu colóquio intitulado «A violenta escuridão de se abeirar da luz»

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Lisboa, 11 Nov 2021 (Ecclesia) – O diretor da cátedra Poesia e Transcendência da Universidade Católica Portuguesa – Pólo do Porto disse que Sophia de Mello Breyner e Daniel Faria são dois poetas “incontornáveis” de Portugal, que olham a realidade “com profundidade”.

“Estes poetas conseguem fazer das cinzas uma autêntica floresta frondosa e com clareiras maravilhosas que são próprias de poetas virados para o transcendente”, destacou José Rui Teixeira, em declarações à Agência ECCLESIA, a propósito da homenagem que a UCP prestou a Daniel Faria no cinquentenário do seu nascimento.

“O Daniel Faria tinha uma admiração desmedida pela Sophia de Mello Breyner” e, por outro lado, “a Sophia disse que o Daniel era um poeta que escrevia versos onde se ouvia a reverberação do mistério”, realçou, por sua vez, Henrique Manuel Pereira, professor da UCP.

As duas figuras deixaram obras que apontam para o transcendente.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

“Quer um quer outro põem a ressoar o mistério à nossa volta e despertam para o mistério”, assinala Henrique Manuel Pereira.

Dois poetas de gerações diferentes que colocavam a transcendência no centro da sua poesia.

“Quer um quer outro, do mais prosaico da imanência conseguem levar-nos à transcendência”, sublinha o docente da UCP.

No colóquio “A violenta escuridão de se abeirar da luz” deu-se também sequência à homenagem iniciada há dois anos no centenário de nascimento de Sophia de Mello Breyner.

A timidez do poeta Daniel Faria, nascido no mês de abril de 1971 e falecido em junho de 1999, contrastava com a sua profundidade poética.

“Sempre que se regressa à obra de Daniel Faria, passados 20 anos da sua morte, sente-se o reencontro e a novidade em cada leitura”, salientou José Rui Teixeira.

Foto: Agência ECCLESIA/LFS

Uma cameleira, cujas flores estavam entre as preferidas da poetisa, e uma estrutura em granito, com um verso de Sophia inscrito: “Trazida ao espanto da luz” é assim o Memorial a Sophia de Mello Breyner Andresen, da autoria de Avelino Leite, que foi inaugurado nesta iniciativa.

“Deus é uma palavra frágil. Sobre a poética e o método teológico” por Pedro Valinho Gomes; “La paradoja del oscuro-resplandor. Noche-día, luz-oscuridad en la poesía de Enrique Solinas” por Silvia Campana; “Mais aquém da transcendência. Pelo labirinto de um deus subterrâneo” por José Pedro Angélico; “Ingmar Bergman e o «medo de morrer antes da vida»: a salvação pelo amor” por Henrique Manuel Pereira; “Ruy Belo, John Donne e alguns sinos ausentes” por Manaíra Aires Athayde e “Uma magnólia no jardim do verbo absoluto: tradição e restituição do sagrado em Daniel Faria” por Gonçalo Cordeiro foram também alguns pilares das reflexões dos conferencistas.

A Cátedra Poesia e Transcendência [CPT] – Sophia de Mello Breyner Andresen foi fundada em 2006, na Universidade Católica no Porto, com um “carácter multidisciplinar e intercultural”, e com o objetivo de estudar as relações entre poesia e transcendência em autores portugueses e estrangeiros.

José Rui Teixeira, diretor e presidente do Conselho Científico da Cátedra, realça a importância da Cátedra de Sophia para a comunidade académica da Católica no Porto: “A Cátedra de Sophia tornou-se uma referência no diálogo entre a Literatura e a Teologia e no estudo das relações entre poesia e transcendência”.

A homenagem aos dois poetas  portugueses está em destaque no programa ECCLESIA desta quinta-feira, na RTP2.

LFS/OC

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