«A transição energética tem um custo de adaptação e é preciso financiamento» – Ana Patrícia Fonseca
Lisboa, 04 dez 2024 (Ecclesia) – A Fundação Fé e Cooperação (FEC), Organização Não-Governamental da Igreja Católica em Portugal, explica que a 29.ª Cimeira do Clima (COP) “não correspondeu” às “grandes expectativas” para o problema das alterações climáticas e “consequências nos países em desenvolvimento”.
“Os países mais pobres são aqueles que menos contribuem. Nós sabemos que 10% da população mais rica produz metade das emissões globais, que os países mais pobres têm 15 vezes mais vítimas de fenómenos climáticos extremos”, disse a diretora-executiva da FEC, esta segunda-feira, em entrevista à Agência ECCLESIA.
Segundo Ana Patrícia Fonseca, a ONGD Católica esperava da 29.ª COP “um equilíbrio”, que os países mais ricos, “os que contribuem mais para o problema”, pudessem financeiramente responsabilizar-se “pela transição energética que é necessária” e com o “fundo de compensação de perdas e danos que os fenómenos causam nos países em desenvolvimento”.
A 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas realizou-se em Baku, no Azerbaijão, de 11 a 22 de novembro, com mais de 190 líderes mundiais, a Fundação Fé e Cooperação apelou à “eliminação urgente de todos os combustíveis fósseis” e a uma aceleração de uma “transição energética justa para energias renováveis”.
“A Cimeira não correspondeu na totalidade àquilo que são as grandes expectativas para encontrarmos uma solução para o problema das alterações climáticas e sobretudo das consequências das alterações climáticas nos países em desenvolvimento.”
A diretora-executiva da FEC assinala que partem para cada COP com a “esperança” de que as soluções possam ser encontradas e operacionalizadas, considera que nesta edição foram dados alguns passos, como ter triplicado o valor acordado no Acordo de Paris (2015) – “de 100 mil milhões de dólares para 300 mil milhões, a verdade é que é insuficiente” – “mas as soluções encontradas não vão ao mesmo ritmo da urgência do problema”.
“Esta era chamada ‘Cimeira das Finanças’, chegámos a esta cimeira já com o reconhecimento do problema, que todas as nações reconhecem, que o aquecimento global do planeta inviabiliza a vida tal como a conhecemos hoje”, acrescentou a responsável pela Organização Não-Governamental para o Desenvolvimento da Conferência Episcopal Portuguesa, sobre a 29.ª Conferência das Nações Unidas sobre Alterações Climáticas.
A FEC, que já está a preparar a próxima COP, no Brasil, em 2025, acrescentou Ana Patrícia Fonseca, entende as alterações climáticas como “uma questão de justiça climática”, que todos possam habitar a “casa comum e viver neste planeta criado por Deus, de forma digna, todas as pessoas, todos os seres criados”, mas “a transição energética tem um custo de adaptação e é preciso financiamento”.
Para o gestor de Comunicação da Fundação Fé e Cooperação, Gustavo Lopes Pereira, este “é um tema urgente e, cada vez mais, as pessoas têm consciência” das alterações climáticas neste “mundo híper mediatizado”, onde as “notícias correm rápido” e o conhecimento também “é difundido muito rapidamente” nas redes sociais pelas organizações não-governamentais, os grupos da sociedade civil.
“Nós temos vivido um bocado numa ideia de um consumo sem limites, de um consumo desenfreado, mas, cada vez mais, temos também a noção que isto tem de ser revisto e passa muito também por consumir de forma mais responsável para garantir uma maior sustentabilidade do sistema. E essa sustentabilidade começa em casa”, desenvolveu o entrevistado, no Programa ECCLESIA, transmitido dia 2 de dezembro, na RTP2, onde fez ligação com a época natalícia, e lembrou a iniciativa ‘Presentes Solidários’ 2024 da FEC.
A Fundação Fé e Cooperação vai viver “um grande ano” em 2025, quando celebra 35 anos de existência, e querem comemorar nos quatro países onde desenvolvem a sua atividade, Angola, Guiné-Bissau, Moçambique e Portugal.
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